Com Blog do Josias
Há no Brasil 142.822.046 eleitores aptos a votar. Desse total, foram às
urnas no segundo turno da eleição presidencial 112.683.879 almas. Houve
1.921.819 votos em branco e 5.219.787 nulos. Restaram 105.542.273 votos
válidos. Desses, 54.501.118 (51,64%) foram para Dilma Rousseff. Seu
rival Aécio Neves arrastou 51.041.155 (48,36%). Com 3.459.963 votos a
mais, Dilma prevaleceu sobre Aécio, reelegendo-se. E os brasileiros
foram cuidar do seu feijão com arroz.
De repente, decorridos quatro dias, o PSDB de Aécio protocolou no Tribunal Superior Eleitoral um pedido de
“auditoria especial” do resultado do pleito. O tucanato esclarece na
petição que não põe em dúvida a lisura da apuração e o trabalho da
Justiça Eleitoral. Em nota, o partido enfatizou: “Temos absoluta confiança de que o TSE cumpriu seu papel, garantindo a segurança do processo eleitoral.”
Uma pessoa apressada poderia perguntar: se o PSDB confia na correção do
TSE, por que diabos deseja auditar as urnas? Um observador mais
sofisticado compreenderá os tucanos. Pode existir alguma coisa mais
suspeita do que uma conduta absolutamente irrepreensível? Pois é. O PSDB
reiterou sua “confiança na Justiça Eleitoral''. Mas a turma da
internet levou o pé atrás.
O PSDB anotou em sua petição: “Nas redes sociais, os cidadãos
brasileiros vêm expressando (…) descrença quanto à confiabilidade da
apuração dos votos e à infalibilidade da urna eletrônica, baseando-se em
denúncias das mais variadas ordens'', anota a petição do PSDB. É para
tranquilizar a militância virtual que o PSDB pede uma auditoria. Bom,
muito bom, ótimo. Há mesmo muita coisa estranha no ar.
Por exemplo: a eleição ocorreu em outubro. Trata-se de um mês que está
assentado no calendário bem perto de outros dois meses suspeitíssimos.
Como explicar que o 11º e o 12º mês do ano se chamem NOVEmbro e
DEZembro?
Não é só: na última terça-feira (28), ao proclamar o “resultado parcial”
das urnas, o TSE designou ministros para conferir os dados. Os Estados
foram subdivididos em grupos e repartidos por sorteio.
O ministro Gilmar Mendes vai aferir os dados de quatro Estados:
Amazonas, Alagoas, São Paulo e Tocantins. Seu colega Luiz Fux passará em
revista as informações de Minas, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. E assim sucessivamente… Só depois dessa revisão geral é
que ocorrerá uma “proclamação oficial” do resultado das eleições.
Tanta checagem só poderia mesmo despertar essa onda de desconfiança que o
PSDB detectou nas redes sociais. De novo, pode ter algo mais suspeito
do que uma conduta assim, digamos, absolutamente irrepreensível?
O TSE ainda não deu uma resposta ao pedido de auditoria formulado pelo
PSDB. Enquanto espera, o partido talvez devesse realizar uma
auto-auditagem. Olhando-se no espelho, os tucanos poderiam perguntar a
si mesmos: num instante em que 7 em cada 10 eleitores desejavam
mudanças, como a maior legenda de oposição do país conseguiu eleger a
adversária da continuidade?
Refinando a auto-investigação, o PSDB poderia perseguir uma segunda
resposta: como Aécio Neves, o príncipe das Minas Gerais, foi capaz de
ser derrotado no seu principado pela mineira-gaúcha Dilma Rousseff? Se
encontrar respostas para essas questões, o tucanato talvez retire o
pedido de auditoria que protocolou no TSE.
FONTE ROTA2014
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