Com Blog do Noblat - O Globo
Há muitas perguntas sobre o escândalo da Petrobras que suplicam por respostas.
A mais óbvia: é possível que Dilma ignorasse o mar de lama capaz de
afogar a empresa que ela sempre controlou desde o primeiro governo do
presidente Lula?
Pois antes de suceder José Dirceu na chefia da Casa Civil, Dilma foi
ministra das Minas e Energia. Presidiu o Conselho de Administração da
Petrobras entre 2003 e 2010.
Nada de relevante se faz na Petrobras sem autorização prévia do Conselho.
Ao deixar o Conselho em março de 2010 para concorrer à presidência da
República, Dilma comentou que se sentia feliz pelo que fizera.
“É um orgulho passar pelo Conselho de Administração da Petrobras, e
maior ainda presidi-lo”, disse. “Você tem uma nova visão do Brasil. Vê a
riqueza do Brasil”.
De fato, ela viu. O que não viu, como diria mais tarde, foi por culpa dos outros. Ela é inocente. Completamente.
Não viu com a antecedência desejável um dos piores negócios feitos pela
Petrobras – a compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos.
Ela pertencia à empresa belga Astra Oil, que a comprara em 2005 por US$ 42,5 milhões.
Um ano depois, a Petrobras pagou US$ 360 milhões. E só por 50% da
refinaria. Três anos depois, pagou mais US$ 639 milhões pelos outros
50%. Demais, não?
Os jornais belgas celebraram a venda da Pasadena à Petrobras como o negócio do século. Para a Astra Oil, é claro.
Dilma alegou no ano passado que se baseara em “informações incompletas” e
em um parecer técnico “falho” para aprovar a compra da primeira metade
da refinaria.
E nós com isso?
O Procurador Geral da República aceitou a alegação e culpou a diretoria
da Petrobras pelo mau negócio. O Tribunal de Contas da União (TCU)
também livrou a cara de Dilma.
Foi Lula quem disse que Dilma era melhor gestora do que ele. Imagine!
No dia 29 de setembro de 2009, segundo a edição mais recente da revista
VEJA, Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da Petrobras,
informou a Dilma por e-mail que o TCU havia recomendado ao Congresso a
paralisação das obras das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e
Getúlio Vargas, no Paraná, e de um terminal petrolífero no Espírito
Santo.
Esquisito comportamento, o de Paulo Roberto. Por que se dirigiu a Dilma
se era subordinado a José Sérgio Gabrielle, presidente da Petrobras?
No dia seguinte, Dilma reclamou de público da determinação do TCU de
paralisar obras do governo federal: “É impossível a paralisação. Os
custos são grandes”. Lula deu-lhe razão.
Quase quatro meses depois, Lula vetou uma decisão do Congresso que
suspendia a execução de quatro obras da Petrobras salpicadas de fortes
indícios de corrupção apontados pelo TCU.
Em momento algum, Lula falou em corrupção. Ao justificar seu veto,
preferiu se referir vagamente a “pendências”, informa o jornal O Estado
de S. Paulo.
O veto acabou mantido pelo Congresso de folgada e bovina maioria governista.
Graças à decisão de Lula, a Petrobras injetou mais de R$ 13 bilhões nas
refinarias de Abreu e Lima e Getúlio Vargas, e em complexos
petroquímicos do Rio de Janeiro e de Barra do Riacho, no Espírito Santo.
As quatro obras foram superfaturadas. A de Abreu e Lima começou custando R$ 2 bilhões. Está por R$ 20 bilhões.
Nos governos de Lula e Dilma, a Petrobras virou o maior cliente das
empreiteiras cujos donos e principais executivos acabaram presos há 10
dias.
Por sinal, Lula viaja pelo mundo à custa das empreiteiras e na condição de lobista delas.
O TCU calcula que a Petrobras nos últimos quatro anos fechou negócios no
valor de R$ 70 bilhões. Desse total, cerca de 60% não dependeram de
licitação. De nenhuma licitação. A lei permite que a Petrobras proceda
assim.
Um negócio no Espírito Santo, por exemplo, rendeu à empreiteira Mendes
Júnior o adicional de R$ 65 milhões pagos pela Petrobras por causa da
saúva-preta, uma espécie de formiga em extinção cuja descoberta teria
atrasado a obra em 15 dias.
fonte rota2014
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