Patrícia Campos Mello FOLHA DE SÃO PAULO
No dia 16 de dezembro de 2005, o então presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram no
município de Ipojuca, em Pernambuco, para lançar a "pedra fundamental"
da refinaria Abreu e Lima.
Grandiloquente como de costume, Chávez afirmou que a refinaria iria
"representar o estreitamento dos laços de amizade existentes entre os
povos do Brasil e da Venezuela".
A Abreu e Lima poderia processar 200 mil barris de petróleo por dia,
suprir a demanda de diesel da região, demandaria investimentos de US$
2,5 bilhões da Petrobras e da PDVSA e entraria em funcionamento em 2011.
"Está tudo pronto para o grande matrimônio que irá se concretizar em Pernambuco", disse Chávez, tempos depois.
Nove anos depois, a Abreu e Lima é um pesadelo. Foi inaugurada sem
nenhuma pompa neste mês, com quatro anos de atraso. Custou mais de US$
18 bilhões.
O combinado era a PDVSA entrar com 40% do investimento.
Mas a Venezuela não pôs um tostão na obra, entre discussões de necessidade de garantias do BNDES e adiamentos.
Durante a construção, culpou-se a Venezuela e sua recusa em investir o dinheiro prometido pelo aumento dos custos.
Mas as revelações da operação Lava Jato deixaram claro que o dinheiro
foi mesmo é pelo ralo da corrupção. Bilhões em superfaturamento e
propina.
O finado presidente da Venezuela não era nada bobo.
Criticou a demora das obras e o aumento do custo, fechou a carteira - e,
sem fazer marola, se livrou da maior "roubada", literalmente.
FONTE ROTA2014
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