por Rubens Barbosa
O novo presidente da China, Xi Jiping, com o objetivo de restaurar a
autoridade moral do Partido Comunista, colocou o combate à corrupção
como peça central das reformas políticas que prometeu. Afirmou que o
governo combaterá a corrupção firmemente e que punirá “moscas e tigres”,
ou seja, corruptos de todos os escalões. Os donos do poder perceberam
que, sem uma reação pública das lideranças, a corrupção endêmica poderia
acarretar danos ao partido e ao Estado.
É importante chamar a atenção para a maneira como o presidente chinês
está atuando no combate à corrupção em primeiro lugar, para demonstrar
que a existência de um partido hegemônico, controlando as empresas
públicas e as rédeas do governo, sem adequada fiscalização por parte da
oposição e dos órgãos de controle existentes, leva a um grau
inimaginável de corrupção.
A liderança do presidente chinês tem obviamente a motivação política de
reforçar o próprio poder e de fortalecer um PCC desgastado pela
corrupção crescente. Isso prova também que uma decisão como essa só pode
vir de cima quando, dentro da máquina do Estado, não há instituições
independentes para apurar, julgar e punir os corruptos.
Questionada sobre o escândalo da Petrobras, a presidente Dilma disse que
vai se empenhar na investigação “doa a quem doer”. “Quero todas as
questões relativas a esse e a todas as outras investigações sobre
corrupção às claras.” Nem no julgamento do mensalão, nem no escândalo da
Petrobras, a iniciativa de apuração veio da Presidência.
Por 12 anos, o PT jamais se preocupou — bem ao contrário — com a
corrupção, identificada pela Polícia Federal (PF), pelo Ministério
Público (MP) e eventualmente punida pelo Judiciário, que não dependem
dos presidentes.
A decisão do Departamento da Justiça e da SEC (equivalente à CVM) nos
EUA e das autoridades holandesas de apurar a corrupção na Petrobras
introduz agora uma dimensão internacional ao escândalo, com garantia de
plena apuração dos fatos e condenação dos envolvidos, como é regra
nesses países.
Vamos esperar que, a exemplo de Xi Jiping, a presidente possa, dentro da
lei, apoiar e facilitar a adoção de medidas punitivas como as tomadas
na China, no caso de ficar comprovado que membros do PT e de outros
partidos da base aliada estiveram de fato envolvidos nos escândalos da
Petrobras.
Em um regime democrático como o brasileiro, diferente do autoritário
chinês, espera-se que o papel do Executivo no combate à corrupção não
seja utilizado apenas para empunhar a bandeira da moralidade e fingir um
resgate da credibilidade e da lisura do governo, do PT e de sua
principal base de apoio. Tudo o que está vindo a público nas delações
premiadas deve ser cabalmente apurado, e os corruptos, punidos
exemplarmente em nome do interesse público, não do partidário.
A oposição tem um papel indelegável de acompanhamento e de fiscalização
em todos os passos do processo de apuração no caso da Petrobras
iniciados e levados adiante pela Justiça do Paraná, pela PF e pelo MP.
fonte rota2014
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