Com Blog Rodrigo Constantino - Veja
Caro leitor, qual foi a última vez que você subornou um funcionário
público para obter vantagens pessoais? Quando, nos últimos meses, você
ofereceu propina para fechar negócios com estatais? Quantas vezes esse
ano você fez acordos com doleiros para mandar dinheiro ilegal para fora
do país? Nenhuma?
Então não caia nessa ladainha de que “todos fazem”, pois isso
simplesmente não é verdade. A marca registrada do lulopetismo, além da
magnitude nunca antes vista de corrupção, é sua insistência em nivelar
sempre por baixo. A quem interessa acusar todos de safados, senão aos
próprios safados? Somente um canalha alega que a canalhice é universal.
O editorial
do GLOBO de hoje está excelente e bate justamente nessa tecla.
Primeiro, lembra que o PT não roubou “apenas”, e sim montou um esquema
de desvios para seu projeto de poder. Segundo, rejeita a ideia de que
isso é o que “todos fazem”, uma tentativa abjeta de banalizar as
práticas mais nefastas de nossa democracia. Diz o jornal:
À luz do mensalão
e, agora, do petrolão, pode-se dizer, dentro de uma perspectiva
histórica, que não é por mera coincidência que, em doze anos de
lulopetismo no Planalto, construiu-se o mais articulado e amplo esquema
de corrupção na máquina pública de que se tem notícia, a fim de drenar
dinheiro de estatais para financiar um projeto de poder.
[...]
Lulopetistas
costumam defender o partido, desde a descoberta do mensalão, em 2005,
com a surrada justificativa de que “todos fazem”. É a escapatória da
banalização do crime, para tentar reduzir sua gravidade. A própria
candidata Dilma Rousseff escorregou na campanha da reeleição ao dizer
que há corruptos em todos os lugares. Fez lembrar o presidente Lula, na
histórica entrevista em Paris, depois que o então aliado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) denunciou o mensalão, quando afirmou que o PT fez o
que todo partido fazia.
[...]
Pois agora, no
petrolão, Mario Oliveira Filho, advogado de Fernando Soares, o “Fernando
Baiano”, acusado de operar — verbo usado em sentido malicioso no
submundo da política —na Petrobras, em nome do PMDB, segue na trilha da
banalização e diz que não se consegue obra pública sem propinas.
Tenta-se jogar areia nos olhos da opinião pública. Não há uma corrupção
aceitável e outra reprovável. Há o crime de malversação do dinheiro
público a ser investigado e punido. Os casos do mensalão e petrolão —
delinquências de mesma célula-tronco — mostram um padrão de drenagem do
dinheiro do contribuinte. São malhas tecidas entre partidos e políticos,
estatais, empreiteiras, empresas públicas, sindicalistas e, conforme
mostrou o GLOBO no fim de semana, fundos de pensão de empresas públicas,
tudo numa dimensão jamais vista no submundo da política brasileira,
tendo como objetivo estratégico um projeto de perpetuação no poder. É
claro, com os inexoráveis desvios feitos para enriquecimento particular.
Afinal, a carne é fraca.
O que o PT e seus comparsas fizeram foi ameaçar o nosso estado
democrático de direito, numa tentativa sórdida de se comprar o
Legislativo para governar somente do Executivo, com votos obtidos por
medidas populistas. Ou seja, um projeto demagogo e autoritário típico do
chavismo, que ainda deixou um rastro de milionários corruptos no
caminho.
Aceitar que isso é algo que “todos fazem” é absurdo! Como se não
bastasse o estrago feito em nossas instituições e nossa economia com
essa roubalheira toda, o PT causa estrago ainda maior em nossos valores
éticos e morais, ao realizar uma campanha ridícula de banalização da
corrupção. Como se o Brasil todo fosse formado por quadrilheiros! Como
se fosse a coisa mais normal do mundo aparelhar estatais com uma máfia
para desvio de recursos!
Sorte nossa que ainda temos instituições republicanas independentes
funcionando com vigor. Era o que os mafiosos não esperavam. E o que pode
nos salvar deles…
fonte rota2014
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