Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Eletrobrás confirma investimento com a Queiroz Galvão na Nicarágua

Miriam Leitão - O Globo
Exportar os serviços de fornecedores e colaborar para a segurança energética da Nicarágua. Resumidamente, foram essas as justificativas apresentadas pela Eletrobrás para o aporte de US$ 100 milhões na construção da hidrelétrica de Tumarin, tocada em sociedade com a empreiteira Queiroz Galvão. O investimento foi decidido pelo Conselho da estatal na reunião de duas semanas atrás — poucos dias após a prisão de dois executivos de sua sócia na operação Lava-Jato — e confirmado pela companhia à CVM apenas na noite desta terça-feira.
Há sete dias a Eletrobrás foi questionada pelo blog e estranhamente se recusou a confirmar o investimento. A construção da hidrelétrica, estipulada em US$ 1,1 bi, vem sendo estudada desde 2008, mas só saiu do papel este ano, num momento delicado para a companhia. A Eletrobrás acumula prejuízos desde que aceitou, em 2012, receber menos do que o custo da energia que vende. A companhia renovou suas concessões nos termos da MP 579, que foi recusada pelas empresas do setor que não são controladas pela União. Em 2012, teve prejuízo de R$ 6,9 bi; no ano seguinte, outros R$ 6,2 bi; em 2014, acumula perdas de R$ 1,8 bi até setembro.
No comunicado, a companhia destaca que Tumarin vai suprir 21% da demanda de energia da Nicarágua em 2019, quando ficará pronta, "bem como substituirá parte da energia elétrica de fonte térmica à óleo, contribuindo para uma matriz energética mais limpa e renovável."
O primeiro aporte nesta sociedade com a Queiroz Galvão, explica o comunicado, foi o investimento inicial de US$ 15 mi ocorrido este ano. A atuação internacional ajuda no "desenvolvimento de novos mercados para o segmento de fornecedores de bens e serviços brasileiros", defende a empresa, que vem tomando empréstimos para cumprir com seu plano de investimentos no Brasil.  
Parte do prejuízo da Eletrobrás se deve ao aumento no preço da energia que se viu obrigada a comprar no mercado a vista, com a produção menor de energia. A culpada foi a seca, que esvaziou o lago das hidrelétricas do país e fez o preço da eletricidade subir. O investimento no exterior foi decidido, portanto, quando a energia por aqui ficou escassa. 
O terceiro sócio de Tumarin seria o governo da Nicarágua, presidida pelo sandinista Daniel Ortega, que atualmente cumpre um mandato com prazo indeterminado. Com uma biografia conturbada, o ex-guerrilheiro já havia sido presidente do país na década de 1980, quando, entre outras decisões marcantes, deu abrigo ao traficante Pablo Escobar após o colombiano ordenar a morte do ministro da Justiça de seu país. 
Bem como ocorre com a Petrobras, os papéis da Eletrobrás são negociados na bolsa de Nova York. A empresa, portanto, está sujeita às regras americanas de governança.  





FONTE ROTA2014

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