Convidado para assumir o Ministério da Fazenda, Joaquim Levy coleciona
críticas de ministros atuais de Dilma Rousseff e tem sido alvo de
petistas, que nos bastidores tentam reverter a indicação. Eles
argumentam que Levy tem perfil liberal e é contra a política de
valorização do salário mínimo.
Um dos principais adversários de Levy no governo Lula foi justamente
Guido Mantega, então presidente do BNDES e hoje titular demissionário da
Fazenda.
Em março de 2006, Mantega acusou Joaquim Levy, então secretário do
Tesouro Nacional, de ter uma visão "conservadora, não sintonizada com a
política social do governo Lula". Os programas sociais são a principal
vitrine dos 12 anos dos governos Lula e Dilma.
Na ocasião, Mantega contestou um estudo elaborado por Levy, hoje no
Bradesco, que apontava o aumento do salário mínimo como o responsável
por parte substancial do crescimento do gasto público em 2005. O estudo
foi divulgado no site do ministério da Fazenda.
"Estão equivocados. Este governo tem por objetivo elevar o valor do
salário mínimo e executar os programas sociais. Isso é o que diferencia
este governo. Nenhum burocrata pode impedir que o presidente o faça.
Quem for contra está em outro governo", atacou Mantega em uma entrevista
para o jornal "O Estado de S. Paulo" em 2006.
Na sexta, Dilma convidou Joaquim Levy, Alexandre Tombini e Nelson Barbosa para integrarem a sua nova equipe econômica.
PROXIMIDADE COM PSDB
Uma ala do PT quer reverter a escolha de Levy para a Fazenda alegando
sua proximidade com a política econômica do PSDB de Aécio Neves. Eles
lembram, reservadamente, que a indicação pode representar uma
contradição em relação às críticas feitas por Dilma durante a campanha
eleitoral.
Dilma criticou a escolha de Aécio por Armínio Fraga, presidente do BC no
governo FHC, que ficaria à frente da Fazenda. A presidente chegou a
dizer que Fraga "não gosta do salário mínimo".
"Ele acha que, no Brasil, para resolver os problemas, eles têm de
reduzir o salário mínimo porque está excessivo. Isso é um escândalo",
afirmou a presidente.
Na TV, Dilma explorou uma frase de Aécio, segundo a qual, se eleito,
tomaria medidas "impopulares". A peça dizia que poderia isso
significaria "eventuais cortes na educação, saúde e em programas
sociais".
A indicação de Levy, revelada pela Folha na sexta (21), foi bem recebida pelo mercado. A Bolsa subiu 5% e dólar caiu 2,08% para R$ 2,519.
RAIO-X JOAQUIM LEVY
IDADE 53 anos
FORMAÇÃO Engenharia Naval. Mestrado e doutorado em Economia
PRINCIPAIS CARGOS Foi secretário do Tesouro Nacional entre 2003 e 2003; é diretor-superintendente da Bradesco Asset Management desde 2012
ISTO É JOAQUIM LEVY
"Qual é, afinal, o objetivo fiscal do governo? É diminuir a dívida?
Ou é imprimir uma trajetória para o gasto corrente? Algo que dê uma
visibilidade de três, quatro, cinco anos. Acho que isso é o mais
importante", em entrevista ao "Valor Econômico", em novembro de 2013
"Quanto mais sólido o desempenho fiscal, menor vai ser a carga em cima dos juros e eventualmente melhor para as ações", em entrevista à "Isto É Dinheiro", em janeiro de 2014
"Ao mudar a base da folha de pagamento para o faturamento, você
precisa ficar ajustando a alíquota para cada setor, e pode até errar e
acabar aumentando o custo de alguns. Em tributação, você não pode
improvisar", em entrevista à Folha em agosto de 2013.
FONTE ROTA2014
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