RODRIGO CONSTANTINO
Alguns petistas têm usado um vídeo de
Paulo Francis para mostrar que já havia corrupção na empresa há muito
tempo. Um deles, o escritor Verissimo, que chegou a “matar” a velhinha
de Taubaté para não precisar criticar o governo do PT, chegou ao cúmulo
de afirmar que a propina existe desde que Cabral chegou ao Brasil, e que
a única novidade é dono de empreiteira dormir na prisão. Ou seja,
tentou usar o escândalo da Petrobras para elogiar o atual governo.
Pergunto aos colegas: alguém disse que
antes do PT não havia corrupção na Petrobras ou nas estatais em geral?
Desconheço tal pessoa. Nunca vi ninguém dizer algo parecido. Teria de
ser alguém muito ingênuo mesmo. Todos sabem que a corrupção é uma doença
endêmica em nosso país, e muitos sabem as causas: excesso de poder
concentrado no estado e impunidade.
Dito isso, há diferenças básicas entre o
que estamos vendo hoje e o que existia antes. Em primeiro lugar, a
magnitude da coisa. Falam em bilhões e bilhões desviados só de uma
empresa estatal, sem contar as demais. Ou seja, cem milhões de dólares
de roubo viraram troco com o PT no poder, a ponto de um simples gerente
ter isso na Suíça e estar disposto a devolver a quantia para sua delação
premiada.
Em segundo lugar, não estamos falando de casos pontuais de desvio, e sim de um sistema de corrupção montado por uma quadrilha em todo o estado, usado para fins políticos além
do enriquecimento ilícito pessoal. O mensalão tinha o mesmo propósito, e
seria julgado como “pequenas causas” se comparado ao Petrolão, como
disse o ministro do STF Gilmar Mendes.
Em terceiro lugar, a reação do PT e dos petistas é alarmante, típica de quem justifica a
roubalheira para seus “fins nobres”. O PT banalizou a corrupção no
Brasil, além de tê-la expandido a patamares nunca antes vistos. Quando
os defensores do PT tentam minimizar os escândalos que vêm à tona, estão
prestando enorme desserviço às instituições brasileiras, e isso é uma novidade e tanto.
O que os petistas não compreendem, talvez
por projetarem nos outros o que são, é que a imensa maioria dos que se
mostram indignados hoje e cobram punição estaria fazendo a mesma coisa
se fosse o PSDB no poder, praticando a décima parte do que o PT tem
praticado em “malfeitos”.
Ao contrário dos petistas, nós não
apelamos para um duplo padrão moral seletivo, não iríamos “enterrar” uma
personagem só para não criticar mais “nosso” governo corrupto. As capas de Veja mostrando casos de corrupção de outros governos anteriores ao do PT comprovam isso.
Portanto, quem tenta mitigar a
responsabilidade do PT nesse impressionante esquema de corrupção dentro
da Petrobras está dizendo que não liga para os vários bilhões
surrupiados, pois foram desviados por “companheiros”. São, em outras
palavras, coniventes, cúmplices.
Aprendemos desde criança, ao menos
aqueles que não viraram petistas, que é feio se defender dos erros
sempre apontando o dedo para os outros. “Eu posso até ter feito isso,
mas o Joãozinho também fez!”, eis uma desculpa esfarrapada que só um
típico petista deixaria passar impunemente.
Mesmo que os outros tivessem feito igual,
isso não reduziria sua culpa e a necessidade de punição exemplar. Mas,
para piorar a situação dos petistas, até isso é mentira. Os outros não
fizeram igual. Nunca antes na história da Petrobras se viu tanta
corrupção e uma quadrilha mafiosa operando um sistema de desvios dentro dela.
Quanto às prisões dos empreiteiros e
diretores da estatal, só mesmo a cara de pau para creditar na conta da
presidente Dilma. Afinal, que eu saiba ela não faz parte do Ministério
Público ou da Polícia Federal, entidades de estado que funcionam com
autonomia e independência, contra as constantes tentativas do governo e seus aliados de impedir as investigações.
Diante de tudo isso, só resta ao petista
duas alternativas mesmo: deixar de ser petista, ou sumir com a Velhinha
de Taubaté para não precisar enfrentar a realidade…
Rodrigo Constantino
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