por Igor Gielow
Duas coisas subsistem à confusão que Dilma Rousseff chamou para si na montagem de sua nova equipe econômica.
A primeira é que a presidente pode até estar escutando mais, mas não
muda o jeito peculiar de fazer política. Age de forma algo imperial,
aparentando ter apenas a estátua de Nossa Senhora ao lado da TV de seu
gabinete como testemunha.
Assim, demitiu um ministro da Fazenda e o manteve no cargo, destruindo o
fio de credibilidade que a gestão de Guido Mantega pudesse ter –e ainda
pediu um plano de ajuste ao auxiliar, no apagar das luzes.
Avisou que iria escolher um novo time e deu a data. Convidou os
envolvidos para conversar. Agastou-se com as especulações de mercado e
imprensa. Decidiu esperar mais um pouco, como se a interferência desse
vácuo na economia fosse algo trivial.
A boa nova, à primeira vista, é que o triunvirato escolhido sinaliza
enfim uma mudança. Claro que a posição que Joaquim Levy, Nelson Barbosa e
Alexandre Tombini ocuparão na equipe implica diferenças no rumo, mas o
fato é que supõe-se enterrada com eles a lambança atribuída à leniência
de Mantega e às gambiarras de Arno Augustin no Tesouro.
Será? Na realidade, Dilma até aqui chefiou a política econômica. Quando
fala do tema, seu tom de voz muda, há uma genuína empolgação. É a
economista-chefe do governo, e o resultado é público para julgamento.
É certo que Barbosa está no mesmo diapasão "desenvolvimentista" de
Dilma, mas Levy é o sujeito que em 2004 atingiu a meta do aperto fiscal
do ano todo em setembro. Eles representam pontas de um espectro, com
Tombini mais ao centro.
Mais do que qualquer anúncio, será a dinâmica dessa relação entre Dilma e
o trio que ditará as condições para o Brasil fazer sua parte na
tentativa de sair do enrosco econômico. E poderá dar algum alento a um
governo que está nas cordas, atordoado, desde a reeleição.
fonte rota2014
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