Jornalista Andrade Junior

domingo, 30 de novembro de 2014

Administração da Eletrobras nega acesso a informações básicas

Miriam Leitão - O Globo


Aprovado na quarta-feira pelo Conselho, o Plano Estratégico da Eletrobras para o período 2015-2030 não foi divulgado até a noite desta sexta-feira. Esse é o capítulo mais recente do descaso da atual administração da empresa com os contribuintes, acionistas, fornecedores e reguladores que têm o acesso negado a informações básicas da companhia.
A Eletrobras informa que o plano recém-aprovado não foi divulgado porque está sofrendo ajustes. O silêncio aumenta quando as perguntas são sobre a hidrelétrica de Tumarín, empreendimento da companhia em parceria com a Queiroz Galvão na Nicarágua. O Conselho, controlado pelo governo, aprovou um investimento de US$ 100 mi no projeto em meados de novembro. O mês termina sem que a companhia tenha informado, ao menos, o valor total da obra  — supostamente de R$ 2,6 bilhões — que deve ser concluída em 2019 (saiba mais aqui).
O presidente da Eletrobras, José da Costa Neto, disse na quarta-feira, num evento, que a usina na Nicarágua "é um empreendimento que vem sendo estudado desde 2010 e foi analisado com todos os detalhes. Um dos conselheiros (da estatal) disse que foi o melhor projeto apresentado e deveria servir de modelo". Se as informações foram apresentadas de maneira exemplar, por que sonegá-las?
Costa Neto está na presidência da Eletrobras desde 2011. Foi na sua gestão, portanto, que a companhia aderiu aos termos da MP 579 que fez a companhia receber menos pela energia do que gasta para produzi-la. Este ano, o prejuízo acumulado é de R$ 1,8 bi; em 2013 foi de R$ 6,4 bi e em 2012 outros R$ 6,2 bi. Não parece o melhor momento para investir na Nicarágua. 
Minoritários também não tem tido acesso a informações. 
A Eletrobras é uma estatal. Seu controle, portanto, é propriedade dos contribuintes. Como companhia aberta, tem ações negociadas no Brasil e em Nova York, com vasto quadro de acionistas minoritários. É também a maior empresa do setor elétrico brasileiro. Sob qualquer prisma, incluído aí o próprio bom senso, é obrigatório que a empresa seja transparente, sob o risco de seus administradores se comportarem como donos.
Em nota distribuída à imprensa na quarta-feira, a administração presidida por Costa disse que a empreitada na Nicarágua é condizente com a estratégia da empresa "que objetiva a melhoria da competitividade, a recuperação da capacidade de investimento e a geração de valor para a Eletrobras e seus acionistas, conforme previsto no Plano Estratégico 2010-2020". Nada disso condiz com a decisão de 2012, que condenou a companhia a três anos de prejuízos bilionários. A administração da Eletrobras tira seus planos da gaveta só de vez em quando.
FONTE ROTA2014

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