ANDREZA MATAIS E FÁBIO FABRINI - O ESTADO DE S. PAULO
Força-tarefa da Lava Jato conclui que sigla, ao contrário de PP e o PT, tinha várias frentes que se beneficiavam do esquema na estatal
O PMDB tinha uma rede de operadores na Petrobrás para desviar recursos
de contratos com empreiteiras, segundo as investigações da Operação Lava
Jato. Ao contrário do que ocorria com o PP e o PT, no PMDB havia várias
frentes que se beneficiavam do esquema, cada uma com seu interlocutor
nas diretorias da estatal.
As investigações indicam que o modelo peemedebista na Petrobrás reproduzia a organização descentralizada do partido, loteado por diversos caciques, e principal aliado do governo. Cada operador atuava para um padrinho, reportando-se a uma pessoa ou grupo de poder, e não à legenda como um todo.
Em depoimento à Justiça, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás
Paulo Roberto Costa admitiu que além de operar para o PP, que o indicou
ao cargo, também passou num determinado momento a atender o PMDB. O
ex-diretor disse que começou a repassar dinheiro a peemedebistas após
acordo para permanecer no cargo. A barganha foi a saída encontrada por
ele para conter investida de uma ala da legenda, que se articulou para
derrubá-lo da cúpula da companhia petrolífera.
A negociação com o PMDB ocorreu quando Costa se afastou por meses do
cargo para tratar uma doença adquirida em viagem à Índia. Segundo
interlocutores, após voltar ao Brasil, o então diretor teve uma infecção
generalizada e chegou a ser desenganado pelos médicos. Aproveitando-se
da vacância, uma ala do partido teria se articulado para substituí-lo
pelo ex-gerente executivo Alan Kardec.
No depoimento, Costa contou que, depois de recuperado, esteve em
Brasília e costurou o apoio à sua manutenção no cargo com um político do
PMDB. Nessa época, o então deputado José Janene, seu padrinho, já
estava enfraquecido por causa do seu envolvimento com o mensalão. Paulo
Roberto precisava do PMDB para continuar no cargo.
O PMDB também tem negado envolvimento do partido no esquema. Costa
dirigiu a área de Abastecimento e Refino da Petrobrás de 2003 a abril de
2012.
Baiano. Segundo
as investigações, paralelamente, outro grupo do PMDB também se
beneficiava do esquema por meio do consultor Fernando Soares, o Fernando
Baiano - que está preso na superintendência da Polícia Federal no
Paraná e teve R$ 8,5 milhões bloqueados nas contas de duas de suas
empresas. A defesa nega que ele tenha participado de esquema de
corrupção na estatal.
A força-tarefa da Lava Jato, porém, concluiu que Baiano tinha influência
na Diretoria Internacional, comandada até 2008 por Néstor Cerveró.
No PP e no PT o esquema tinha operadores únicos, que atuavam para
atender aos partidos como um todo, conforme os investigadores. No caso
do PP, o operador era o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do
esquema de corrupção na petroleira.
FONTE ROTA2014
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