Reinaldo Azevedo
A máfia é uma organização criminosa privada que busca se apoderar do
Estado, infiltrando-se na política, na polícia e na Justiça. O alvo são
os negócios. No Brasil, assistimos a algo um pouquinho diferente.
Primeiro a "organização" se encarregou de dominar aparelhos influentes:
universidades, movimentos sociais, imprensa etc., promovendo a guerra
cultural, de modo a subverter valores comezinhos. Depois veio o domínio
do aparelho de Estado, por meio de eleições. A exemplo da máfia
tradicional, o alvo também eram os negócios.
É claro que me refiro ao PT. Os tolos tendem a baratear a crítica,
inferindo que se trata de um juízo conspiratório a acusar a existência
de um órgão inteligente a orientar as etapas de uma conquista. Nunca
vislumbrei no petismo uma inteligência nem superior nem inferior. Não se
trata de uma inteligência, mas de uma natureza.
Qual natureza? A da justificação do mal –e, nesse particular, os
petistas são, sim, legítimos herdeiros do marxismo como existiu. É
preciso quebrar ovos para fazer omelete, na metáfora que Nadejda
Mándelstam, mulher do poeta dissidente Ossip Mándelstam, empregou para
definir o stalinismo. Para os companheiros, só existe uma pergunta
virtuosa: "Tal ação fortalece o PT?" Se a resposta for "sim", inexiste
solução moralmente errada.
O partido se lançou no mercado de ideias como socialista. Simulava certa
honestidade de propósitos. E percebeu que o capitalismo no Brasil, dado
o tamanho do Estado, comporta uma espécie de ente de razão a orientar
seus desígnios. Na terra da pororoca, da jabuticaba e da penca de
estatais, a ordem capitalista repudia a destruição criadora em favor da
construção sem imaginação de potentados estado-dependentes, que se
tornam intermediários da extorsão, que pesa, de fato, nos ombros do
povo.
Quanto mais se robustece o poder estatal, mais influentes se tornam os
corruptos. Aí a OAB e o STF –com a possível exceção de Gilmar Mendes–,
tiveram uma ideia asnal: banir o mercado do financiamento de campanhas
eleitorais e meter ainda mais Estado na história. Por alguma razão
estranha ao cérebro humano, os doutores acham que, caso se proíbam as
doações LEGAIS, terão fim as doações ILEGAIS e o sobrepreço de obras. A
imprensa embarca quase toda nessa porque jornalistas não costumam ser
íntimos de lógica e matemática, dois saberes reacionários.
É preciso recuperar a cadeia virtuosa da civilização que importa: menos
Estado, menos corrupção, menos pobreza, mais liberdade. Ou é isso, ou o
PT ainda se orgulhará de 100 milhões de pessoas no Bolsa Família,
enquanto R$ 21 bilhões da Petrobras desaparecem no ralo da
sem-vergonhice. E mais descarados são os que usam a cara matéria-prima
dos jornais para explicar a metafísica dos safados.
Nesta segunda, a partir das 18h30, lanço na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, o livro "Objeções de um Rottweiler Amoroso". Apareçam lá. É uma publicação do selo editorial Três Estrelas, da Folha.
Não importa o cachorro que tentaram fazer de você, mas o que você fez
do cachorro que tentaram fazer de você. "I waited so long for this
moment/ Susanna, Susanna,/ She says I think I'd better go/ She says
goodbye and I say... NO!/ Susanna, I'm crazy loving you."
FONTE ROTA2014
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