Jamil Chade ESTADÃO
A Justiça suíça coloca condições para a devolução do dinheiro bloqueado
em nome do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa. Os mais de US$ 23 milhões estão congelados desde abril em cinco
contas na Suíça e os operadores do esquema da Petrobrás estão sendo
investigados por lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do país
europeu.
O Brasil, se quiser o dinheiro de volta, terá de dar garantias de que os
recursos não retornarão ao suspeito e nem a outras empresas ou pessoas,
ficando exclusivamente para o Estado.
Nesta semana, uma delegação de procuradores brasileiros que trabalham na
Operação Lava-Jato está em Lausanne revisando documentos e
movimentações bancárias colhidas pela Justiça suíça.
Mas, pela lei suíça, recursos bloqueados apenas são enviados ao país de
origem se a Justiça que o investiga condena o suspeito em última
instância. Para complicar o caso, os próprios suíços o investigam por
lavagem de dinheiro, o que poderia resultar em cinco anos de prisão ao
brasileiro. Nesta semana, a negociação envolve justamente as condições
de devolução dos recursos.
Os suíços querem garantias de que, apesar do acordo com Costa, ele não
se beneficiará de nenhuma parte da fortuna. Os suíços também querem
garantias de que o dinheiro não será distribuído a outras pessoas ou
empresas, mesmo que tenham sido vítimas no processo. O Ministério
Público suíço quer, acima de tudo, uma confirmação de que apenas o
Estado brasileiro vai administrar a fortuna.
Sigilo
Oficialmente, os suíços preferiram manter o sigilo em relação ao
conteúdo das conversas. Mas admitiram que estão dispostos a colaborar na
investigação. Para ter acesso aos documentos que mostram o caminho do
dinheiro desviado, os procuradores brasileiros tiveram de assinar um
termo de compromisso no qual asseguram que nenhuma informação do
processo que corre na Suíça será tornado público.
Durante as reuniões, os suíços chegaram a alertar que, se alguma
informação vazar, a cooperação será suspensa imediatamente e o acesso
aos documentos que mostram o percurso do dinheiro será encerrado.
FONTE ROTA2014
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