Rodrigo Constantino - Veja
Sei que é arriscado usar evidências anedóticas como prova de mudança de
mentalidade, e que não podemos extrapolar alguns casos isolados para
falar em termos gerais. Mas sempre leio a sessão dos leitores nos
jornais, como termômetro para medir o viés do público. Imagino que os
editores façam uma triagem atrelada à representatividade dos
comentários, ou seja, aqueles publicados guardam alguma proporção com os
recebidos em termos de ponto de vista.
Se estiver certo na premissa, então constato que há ventos de mudança no
ar. De uns tempos para cá, tenho notado cada vez mais leitores
mergulhando no âmago da questão, usando os casos de corrupção nas
estatais para mostrar como se trata de um problema cuja solução deve
passar pela privatização, ou seja, pela mudança na gestão dessas
empresas, adotando um mecanismo de incentivos mais adequado.
Foi o caso no GLOBO hoje, e selecionei alguns comentários sobre
corrupção que mostram claramente a capacidade de tais leitores de juntar
causa e efeito:
O Marcos foi direto ao ponto, comparando a Vale com a Petrobras para
constatar que a manutenção da última como empresa estatal é a grande
causa de seus atuais problemas. Já o Fernando ironiza a reação típica de
uma estatal quando pega com a boca na botija: criar mais aparato
burocrático, mais emprego para os apaniguados dos políticos, como se
essa fosse a solução.
O meu xará Rodrigo toca no ponto nevrálgico em seu comentário:
trabalhamos tanto para sustentar essas quadrilhas todas infiltradas no
estado e nas empresas estatais, então podemos chamar isso de qualquer
coisa, de comunismo, de vassalagem, menos de capitalismo! Este depende
de trocas voluntárias e de uma economia de mercado que simplesmente não
temos no Brasil.
Por fim, o Marcio bate na tecla da impunidade como freio à corrupção, em
vez de essa reação patética da Petrobras de criar novos cargos para
investigar nos demais quadros da empresa. Querem colocar a raposa
cuidando do galinheiro?
A corrupção que assola o país e deixa metade da população indignada
precisa ser combatida em suas raízes. E a ficha vai caindo cada vez para
mais gente. Retirar as empresas das mãos estatais e punir severamente
os corruptos são as únicas formas de efetivamente reduzir a corrupção
epidêmica brasileira. O resto é conversa fiada…
FONTE ROTA2014
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