Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 20 de maio de 2015

É difícil manter o bom humor diante de tantas aberrações

Acílio Lara Resende O Tempo

 O jornalista Fernando Gabeira disse em sua coluna que encontrou na crise brasileira, em semana tensa no Paraná, momentos de humor. O humor foi despertado não pelo que fez contra os professores o governador Beto Richa (que agora diz sentir dor até na alma…) nem pelo nome (“Beckenbauer Rivelino, um craque na produção de notas frias”) do dono da gráfica Casa Verde, que serviu ao PT, mas pela caçada ao ministro da Pesca, Helder Barbalho (parente de quem mesmo?). Ele foi convocado, por edital do Ministério da Saúde, para prestar esclarecimentos… Barbalho, como se sabe (será mesmo que todos os brasileiros sabem disso?), faz parte do enorme contingente de ministros “comandados” (?) pela presidente da República.
Qualquer um de nós pode passar por momentos difíceis – no país, em casa, no seu trabalho ou até mesmo pessoalmente. Há pessoas que “não dão conta” de situações embaraçosas. A expressão é usada por psiquiatras ao tentar ajudar o paciente que está “mal dos nervos”, em virtude de problemas cujas soluções estão acima da sua capacidade ou fora da sua alçada. Somos, pois, mortais e, por isso, perfeitamente capazes de “não dar conta” de situações, além de embaraçosas, profundamente doloridas. O ideal seria, então, olhar com uma boa dose de bom humor até mesmo a dor e o sofrimento? Foi isso o que, no fundo, sugeriu Gabeira a qualquer um de nós, leitores.
Já passei por muitas situações difíceis, embaraçosas ou até mesmo de profunda dor. Já vivi, no país, crises homéricas. Cheguei a pensar que o fim chegara, mas mantive o bom humor. Hoje, porém, estou quase “não dando conta” da situação de descalabro por que passa o país, agravada pelas notícias que diariamente recebo dos jornais e/ou dos inúmeros e repetitivos noticiários das emissoras de rádio e televisão.
RECEITA INFALÍVEL
Será que também eu colaboro com o mau humor? A solução, para o meu caso, seria fácil, poderia dizer qualquer um que me esteja lendo agora. Bastaria, para combater o mal, uma receita (medicamentosa) oportuna e adequada: não ler jornais nem ouvir notícias de emissoras de rádio e televisão. Cortaria o mal pela raiz.
Enquanto não tomo essa providência, registro aqui dois assuntos capazes não só de impedir o bom humor, mas de despertar em mim a chamada “raiva santa”. O primeiro diz respeito à indicação do advogado paranaense Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal, que – concordo com Míriam Leitão – “usou uma brecha na legislação para acumular os cargos de procurador e advogado no Paraná”. Não quero discutir se ele tem cobertura jurídica e ética ou não. Na verdade, tenho apenas uma pergunta: como se explica o quase futuro ministro do STF aos seus colegas procuradores? Nunca se sentiu nem um pouco constrangido por ter gozado (sozinho?) do “favor legal”?
O segundo diz respeito ao ex-presidente Pepe Mujica, que deixou a Presidência do Uruguai e, ao mesmo tempo, algumas lições convincentes, aplaudidas por mim com entusiasmo e, com certeza, por todos os cidadãos bem-intencionados deste mundo. Mas, neste instante, o velho guerrilheiro pisou feio na bola. Então ele não disse nada daquilo que está no livro sobre Lula? Mas ele não foi ao lançamento da obra que escreveram os jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz? Ou ele não leu o que escreveram? É essa a única dúvida, levantada agora, que ele tem sobre o que disse? Ele acha que somos bobos? Que coisa feia!







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