por Vinícius Mota Folha de São Paulo
Com o anúncio da nova programação orçamentária, nesta sexta (22), o
governo Dilma Rousseff pretendia virar a página do arrocho. Deu errado.
Melou o jogo a mão direita do Dr. Fantástico, que involuntariamente
revela a natureza do assessor do presidente americano no filme de
Kubrick. Uma recaída no alheamento da realidade, marca do primeiro
mandato, impediu o governo de divulgar um plano crível para suas
despesas e sobretudo para suas receitas em 2015. Voltou a pintar de rosa
o futuro e vende uma retomada substancial da atividade e da coleta de
tributos nos próximos meses.
O ministro Joaquim Levy caiu numa emboscada. Assumir o otimismo fiscal, à
Mantega, arrombará sua credibilidade. Adotar o discurso de "vamos
avaliar o desempenho das contas e eventualmente fazer correções"
redundará na redução da poupança fiscal, plano do PT que encontra aliado
potencial em Nelson Barbosa, do Planejamento.
Alastrou-se a ideia de que, uma vez no cargo, Levy não poderia ser demitido. Dilma não concorda.
A presidente age para circunscrever a intervenção liberal aos domínios
do Tesouro. Já repudiou mudanças nas regras de conteúdo local e de
participação forçada da Petrobras na exploração do petróleo.
Na política externa, atores e diretrizes são os mesmos. Concessões
rodoviárias continuarão a privilegiar o populismo das tarifas mais
baixas, em vez de potencializar investimentos bancados pelos usuários.
Para Dilma, Levy é um recuo pontual e passageiro na obra fáustica que
ela implementa desde 2011. Passado o furacão, e o círculo alucinado do
Planalto acha que está passando, Levy ou será demitido ou se acomodará
ao credo palaciano.
Basta que o ministro compreenda esse jogo e concluirá que a saída para
seu impasse pessoal é satisfazer o coro petista a indicar-lhe a porta da
rua.
extraídaderota2014blogspot
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