por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
Depois do 7 a 1 para a Alemanha, o Brasil levou uma nova goleada dos
Estados Unidos e da Suíça. Os dois países, que nunca ganharam a Copa do
Mundo, merecem uma medalha pela prisão de José Maria Marin. Talvez a
encontrem no bolso do cartola, que já foi flagrado surrupiando
premiações de jogadores.
A devassa na Fifa precisa ser o pontapé inicial de uma investigação
séria dos desmandos no futebol brasileiro. É hora de deflagrar uma Lava
Jato da bola, começando pelos negócios suspeitos da CBF e pelas obras
bilionárias do Mundial de 2014.
A apuração não pode se restringir à triste figura de Marin, um viúvo da
ditadura militar que ressurgiu das cinzas como boleiro. Ele é
indissociável do antecessor, Ricardo Teixeira, e do sucessor, Marco Polo
Del Nero.
Quando o novo escândalo estourou, a CBF soltou uma nota tentando se
desvincular de Marin. Não convenceu nem Dona Lúcia, a velhinha que
acreditava no Felipão. Além de batizar a sede da entidade, o cartola
preso é seu atual primeiro vice-presidente e substituto imediato de Del
Nero. O segundo é Fernando Sarney, filho de quem o sobrenome indica.
Por muitos anos, o discurso de que a CBF é privada foi usado para barrar
a investigação de seus dribles na lei. A tese omite que a confederação
se mantém intocável graças à proximidade com os políticos. Hoje sua
diretoria abriga dois deputados, Marcelo Aro (PHS-MG) e Vicente Cândido
(PT-SP), que tentam derrubar as medidas saneadoras da MP do Futebol.
O senador Romário (PSB-RJ) quer criar uma CPI sobre o novo escândalo. A
ideia é oportuna, mas não deve substituir outras ações na esfera
judicial. Como mostrou o FBI em Zurique, as coisas só vão mudar se a
Polícia Federal e o Ministério Público também entrarem no jogo.
A manobra para ressuscitar as doações privadas lembrou quem realmente manda na Câmara: as empresas que financiam as campanhas.
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário