por Guilherme Moretzsohn
Advogados me corrijam se estiver errado, mas temos os tipos de roubo: furtos ou assaltos. Os impostos indiretos, ou seja, aqueles que o consumidor paga sem sabe que esta pagando se assemelham ao furto; enquanto os impostos mais diretos e escandalosos, tal qual era a CPMF é são hoje ainda IPVA, IPTU, ITBI etc, são assalto mesmo, à mão armada e sem chances de defesa!
Sempre se escuta uma tia bem intencionada dizer que “aceitaria pagar impostos se recebêssemos de volta as contrapartidas. É assim na Suécia.” . Também me perdoem os amigos psiquiatras, mas ela certamente sofre da “Síndrome de Estocolmo”, com o perdão do trocadilho. É a paixão doentia por aquilo que pode lhe fazer o mau. Certamente o modelo escandinavo é menos pior do que o nosso “tropicaliente”, mas não torna o ato de tributar menos imoral. Tributados não são os produtos/serviços; quem é tributado é o próprio cidadão! É sobre nós que a carga pesa.
Se o imposto é ou não roubo, não há consenso. Mas claramente há coisas que o imposto não é (ou não deveria ser), e muitas delas o governo insiste em ignorar.
Só para começar:
- Imposto não é ferramenta de justiça social: não deve ser usado para “distribuir” a riqueza. Tributar a renda de forma predatória inibe a construção de poupança interna.
- Imposto não é ferramenta sócio-educativa: sobretaxar a bebida, o cigarro, os alimentos chamados “não nutritivos” não faz com que as pessoas bebam, fumem ou comam menos porcaria.
- Imposto nao é uma proteção para o trabalhador nacional: esse mesmo trabalhador é um consumidor e vai pagar mais caro pelas coisas de que precisa pra viver. Tanto as feitas no país quanto as que vem de fora.
- Comicamente esses usos são mais comuns do que se pensa. O governo não decide o que quer.
- Taxa o cigarro, o adesivo de nicotina e o remédio da quimioterapia;
- O hambúrguer, o moderador de apetite e o tênis de corrida;
- A bebida alcoólica, a consulta com o endocrinologista e o suco natural.
- O papel, a tinta, o livro e a renda que ganha o autor.
- Depois dá bolsa cultura pra poder comprar a obra de Paulo Coelho ou o CD do Chico Buarque.
Pragmaticamente falando, impostos deveriam ser a fonte arrecadatória para pagar aquelas atividades definidas pela sociedade como sendofunções do Estado. As sociedades precisam então impor aos seus respectivos estados o limite; além de fiscalizar os gastos e questionar com veemência cada aumento alardeado como sendo para “o bem comum”. O “bem comum” é um álibi historicamente terrível e sob o seu pretexto foram cometidas enormes atrocidades. E nada nos fará melhor que um Brasil com menos impostos.”
* Arquiteto, urbanista e diretor de Comunicação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.
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