Paula Cesarino Costa Folha de São Paulo
"Ano após ano, campeonato após campeonato", afirmou a procuradora-geral
dos Estados Unidos, Loretta Lynch, "eles corromperam o futebol mundial
para servir a seus interesses pessoais e enriquecer". A frase escancarou
a realidade do mundo da bola.
A megaoperação contra a cúpula do futebol mundial ter sido levada
adiante por autoridades dos EUA, país em que é esporte de segunda
categoria, torna-a surpreendente e ainda mais relevante.
A pedido, a Polícia Federal realizou no Brasil buscas em empresas de
executivos ligados ao futebol. Antes tarde do que nunca, porque os
esquemas parecem se perpetuar na CBF, independentemente do cartola da
vez. Denúncias já levaram a CPIs e investigações de resultados
inexpressivos.
Presidente da CBF por mais de 20 anos, Ricardo Teixeira foi muitas vezes
alvo, mas só caiu após a Suíça revelar que ganhou R$ 26,5 milhões de
propina da ISL, principal parceira da Fifa por mais de uma década.
A riqueza de Teixeira cresceu com a mesma facilidade com que a grama se espalha. O repórter Sérgio Rangel revelou nesta Folha que
o ex-cartola pagou mais de R$ 20 milhões (US$ 7,4 milhões) por casa de
sete quartos e oito banheiros em luxuoso condomínio de Miami. Operações
nebulosas com imóveis se destacam entre as lideranças do futebol no
país.
Resta esperar os desdobramentos, aqui e lá fora, das investigações sobre
os espertalhões. Em 2014, o escritor inglês Nick Hornby escreveu artigo
em que dizia: "O cheiro do dinheiro em torno desta Copa do Mundo é mais
desagradável e mais perturbador do que jamais foi". Questionava se era
possível admirar um esporte cujos administradores, jogadores e
dirigentes parecem ter sido levados à loucura pelas recompensas
financeiras que ele oferece. Dizia suspeitar que, aos torcedores do
futebol, cabia o papel de tolos, ingênuos e iludidos da história,
limitados a aplaudir.
extraídaderota2014blogspot
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