por Rogério Gentile Folha de São Paulo
Haddad foi eleito prometendo implementar um "projeto revolucionário" em
São Paulo. Era a autoconfiança em pessoa. Dizia ter "soluções
inovadoras", "não ter tempo a perder", "nem justificativas a dar para
tornar este sonho realidade".
Dois anos e meio depois, o "homem novo para um tempo novo" virou o
"senhor não é minha culpa". Para cada problema ou meta não cumprida,
sempre tem uma desculpa, sempre acha um responsável.
Na segunda (25), por exemplo, a Fundação Abrinq decidiu não dar mais ao
petista o selo de "Prefeito Amigo da Criança" pelo fato de que não
cumprirá a promessa de construir 243 creches. Qual foi a resposta de
Haddad? Que a fundação "não tem legitimidade" para fazer tal crítica
"porque nenhum dos seus principais filiados se dispôs a doar uma única
creche para a prefeitura".
Era essa, então, a tal solução inovadora de Haddad? O prefeito que
assumiu dizendo que iria "equacionar" o problema "das mães e crianças
com dificuldade para exercer plenamente sua cidadania" estava, na
verdade, contando com a boa vontade alheia?
Outro problema criado pelos outros, segundo a prefeitura, ocorreu na
cracolândia. Haddad pretendia remover uma favela, mas a ação transformou
a região numa praça de guerra. O petista responsabilizou os usuários da
droga, que "romperam o acordo" e não deixaram o local. Era assim,
então, fiando-se na palavra dos "noias" (e de traficantes, como se soube
depois) que ele iria revolucionar a gestão?
Com desaprovação de 44%, Haddad precisa arregaçar as mangas e parar de
achar culpado para tudo (se caiu atendimento nos postos de saúde, o
problema é das organizações sociais, que não conseguem contratar
médicos; se aumentou o número de mendigos, o motivo é que a gestão
anterior era "higienista"). Por ora, o único sonho que Haddad tornou
realidade foi o dos carroceiros, que ganharam ciclovias vazias e não têm
mais de circular no meio dos carros.
extraídaderota2014
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