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06:37
ANDRADEJRJOR
ROGÉRIO GENTILE FOLHA DE SP
SÃO PAULO - A medida
provisória do futebol, que prevê o refinanciamento das dívidas dos
clubes, é mais uma barbeiragem do governo.
Se a inflação sobe, o
governo represa o preço da gasolina e esfola a Petrobras, obrigando-a a
vender combustível em valores inferiores aos internacionais. Se o PIB
cresce menos, pressiona os bancos a reduzirem os juros, ignorando
alertas de que há um excesso de endividamento na praça. Se o desemprego
ameaça crescer, desonera a folha de pagamento criando um rombo de R$ 25
bilhões. O resultado é esse aí, a desorganização da economia.
A
MP do futebol segue a linha do intervencionismo dilmista. Se o Brasil
perde de 7 a 1 na Copa e o nosso futebol não é mais o mesmo, tenta
refundá-lo na base da canetada.
Os clubes devem à União cerca de
R$ 4 bilhões. A MP refinancia essas dívidas, desde que as equipes se
comprometam com certas normas, como, por exemplo, não gastar mais do que
70% da sua receita com folha de pagamento e a punição do dirigente que
praticar gestão temerária. Até aí tudo bem, ainda que seja hilário uma
iniciativa como essa partir de uma administração que gastou muito mais
do que conseguiu arrecadar.
Mas qual o sentido de o governo
avançar sobre questões que não têm relação com a capacidade de os clubes
honrarem o compromisso? A MP exige, por exemplo, que os clubes invistam
em futebol feminino. Com que direito se pretende forçar alguém a fazer o
que não quer ou não acha rentável? É o mesmo que obrigar uma empresa a
fazer carros rosa, a despeito do baixo interesse do consumidor por
veículos dessa cor.
Mais grave ainda, a MP estabelece que, para
receber o benefício, o clube só poderá participar de competições
organizadas por entidades dispostas a mudar seus estatutos segundo as
diretrizes oficiais. Na prática, se algumas equipes aderirem e outras
não, o futebol brasileiro ficará quebrado em dois. O que já é ruim pode
ficar ainda pior.
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