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22:00
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA O GLOBO
À medida que a disputa
política fica mais acirrada, com PT e PSDB buscando espaços para se
firmarem como polos que se contrapõem, abre-se um caminho para uma
terceira via que tanto pode ser de uma direita que começa a se
organizar, quanto de esquerda, representada pela Rede de Marina Silva ou
por dissidências mais radicais.
O surgimento de potenciais
candidaturas "de direita", como a do senador Ronaldo Caiado, do DEM de
Goiás, ou de direita radical, como o deputado Jair Bolsonaro, retiram do
PSDB a pecha de "direitista" que o PT há anos tenta pespegar nos
tucanos.
Candidaturas radicais de esquerda, como do PSOL, por
exemplo, também tendem a colocar o PT mais para o centro, cujo
eleitorado também será disputado pela Rede. Não surgiu ainda no
horizonte político nenhuma terceira via sem filiação partidária, mas o
ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa permanece como uma alternativa que
agrada a parte do eleitorado em busca de solução nova para a disputa
entre PT e PSDB.
Apontar o juiz Sérgio Moro como aspirante à
Presidência é apenas uma manobra rasa dos que querem inviabilizar seu
trabalho. A verdadeira comoção que ele provoca ao aparecer em público,
assim como os aplausos que a presença de Barbosa continua a estimular,
mostram que há um público ávido por novas figuras, não comprometidas com
o jogo político atualmente em disputa.
PT e PSDB, no entanto,
continuam sendo os catalisadores da maioria do eleitorado brasileiro, e
no momento a oposição, não apenas o PSDB, parece dominar o sentimento
generalizado, levando a crer que o ciclo petista tende a terminar, se
não antes do fim do mandato de Dilma, na eleição de 2018.
O
próprio Lula já tem admitido, segundo relatos, que não tem condições de
ser candidato à sucessão de Dilma caso seu governo não se recupere, e
nada indica que isso vá acontecer a tempo de dar condições de disputa a
um candidato petista, mesmo que ele seja um Lula já em franco desgaste.
As
diversificadas e permanentes revelações sobre a atuação governista no
escândalo do petrolão, se não provocarem um processo de impeachment de
Dilma, necessariamente manterão um clima político contrário à pretensão
do PT de permanecer 20 anos ou mais no poder.
O programa do PSDB
de terça-feira foi dos mais violentos já feitos pela oposição ao PT, e
não é à toa que a direção petista anunciou que irá ao Tribunal Superior
Eleitoral(TSE) contra o que classificou de "campanha suja, odiosa e
reacionária dos tucanos e seus sequazes".
Não vai dar em nada,
pois a democracia pressupõe que os adversários se debatam em campo
aberto. O PT não está acostumado a sofrer esse tipo de ataque, só a
desferi-lo, quando esteve fora do poder central. O ataque petista virá
na mesma dimensão, pelo que anuncia a nota oficial do partido, que acusa
o PSDB de diversos "malfeitos e ilicitudes".
Ambos os partidos
tratam as denúncias como motivadas por disputas políticas apenas, mas o
desgaste é inevitável. O perigo é que fique no eleitorado a ideia de que
os dois têm razão.
A agressividade com que o PSDB vem atuando na
oposição, e mais sua disposição de votar contra as medidas propostas
pelo governo Dilma para o ajuste fiscal - mesmo quando algumas delas,
como o fator previdenciário, eram defendidas pelo partido até pouco
tempo atrás -, estão trazendo desconforto para eleitores tradicionais
dos tucanos, que não se reconhecem mais no radicalismo assumido.
Outros,
ao contrário, exigem posições mais firmes, como o apoio oficial a um
eventual impeachment da presidente Dilma, ainda que sem provas que o
sustentem. A tendência é que o embate entre as duas forças que polarizam
a política brasileira há mais de 20 anos continue se adensando à medida
que as investigações dos escândalos, e as crises políticas e
econômicas, tendem a aumentar.
O caminho para uma terceira via está aberto, e até o PMDB começa a se enveredar por ele.
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