Carlos Newton
A situação está cada vez mais complicada. O Banco Central eleva os juros básicos para 13,25%, maior índice desde a crise mundial de 2008, a inflação já atinge 8,13% no acumulado dos últimos 12 meses, e o efeito é o agravamento da recessão e do desemprego, e o Fundo Monetário Internacional já proclama que o Brasil enfrenta a maior desaceleração econômica dos últimos 20 anos.
Pior é a gozação. Semana passada, a revista inglesa The Economist publicou um artigo ironizando a presidente Dilma Rousseff, classificando-a de “O Fantasma do Planalto”, porque não detém mais o poder. Depois de apenas quatro meses de seu segundo mandato consecutivo, ela continua em seu cargo, mas para muitos efeitos práticos, não está mais no poder.
A reportagem lembra a pesquisa Datafolha, divulgada no dia 11 de abril, na qual 63% dos entrevistados se dizem favoráveis ao impeachment da presidente, e destaca que a oposição busca pareceres jurídicos para saber se Dilma já pode ser acusada em razão do escândalo da Petrobras ou pela violação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
REINA, MAS NÃO GOVERNA
The Economist repetiu o que todo mundo sabe e assinalou que o mais dramático “nessa hemorragia do poder presidencial” é que Dilma tem ainda pela frente quase quatro anos de mandato. “Nesse tempo a economia vai certamente piorar antes de melhorar”, diz a publicação, indagando se a presidente sobreviverá à crise.
Ao destacar que quem comanda a economia é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o PMDB detém as rédeas da política, a revista britânica poderia até comparar Dilma Rousseff e a rainha da Inglaterra, pois as duas aparentemente reinam, mas não governam.
REPRESENTANTE DOS BANQUEIROS
The Economist esqueceu de dizer que Levy, no comando da economia, comporta-se como um legítimo representante dos banqueiros, cujos exorbitantes lucros continuam intocáveis. O Bradesco, que ainda paga o salário de Levy, teve aumento de 23% nos lucros. Nada mal para uma economia em meio a tão grave crise.
E Levy ainda tem coragem de declarar à imprensa que o governo está cortando na própria carne. Mas como? Até agora ele só cortou na carne dos outros. Não há redução de custeio, apenas de investimento, fato que significa paralisia governamental e aumento da crise. Os ministérios excessivos continuam existindo, não houve redução de cargos comissionados, os cartões corporativos continuam funcionando a todo vapor e seus gastos são mantidos em sigilo. Ou seja, o quadro é desanimador.
The Economist só errou ao classificar Dilma de “Fantasma do Planalto”. Na verdade, ela se tornou uma espécie de Zumbi, meio morta e meio viva, que de vez em quando é vista se esgueirando na Esplanada dos Ministérios.
extraídadatribunadainternet
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