Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desemprego sobe, salário desce, menor consumo, menos impostos

Pedro do Coutto


O título, creio, sintetiza o conteúdo e os reflexos focalizados de forma direta e indireta no panorama destacado pela repórter Clarice Spitz, O Globo, edição de terça-feira, com base em pesquisa realizada pelo IBGE nas principais regiões metropolitanas do país. A renda do trabalho desceu, em março, 2,8% em relação à registrada em fevereiro , enquanto o índice de desemprego cresceu de 5,9 para 6,2%. Participaram da reportagem Eliza Clavery, Flávia Aguiar, Flávio Ilha e Ana Paula Ribeiro. Mostram que se tornou uma triste rotina o caso de dispensa sem o pagamento de indenização total e portanto legal.
O quadro é de contração econômica de caminho para uma recessão, como chegou a assinalar há cerca de dois meses o ministro Joaquim Levy. Se o fenômeno está se desenrolando antes do ajuste fiscal, cuja aprovação depende do Congresso, em caso afirmativo, como sucederá depois? Há no país um sentimento generalizado de desconfiança, um pessimismo, uma sensação de desânimo que contamina a população de modo geral.
A cada dia uma notícia negativa sucede outra numa escala sequente. A popularidade da presidente Dilma Rousseff está em baixa e ela nada faz para melhorá-la. Nada faz de maneira concretamente positiva. A opinião pública espera fatos no lugar das decepções deixadas pelo vazio em que se encontra o quadro político brasileiro.
QUESTÃO DE CONTEÚDO
Não é uma questão de marketing, como escrevi, é uma questão de conteúdo. Sem conteúdo, não há comunicação social que possa se firmar na consciência coletiva. Mas o Planalto fica na teoria, a qual, no caso em foco, é o contrário da prática. O povo sente que dias piores vêm aí pela frente e, com isso, retrai suas compras. Como a reportagem de O Globo colocou no título está sobrando mês no fim do salário.
A reportagem de O Globo assinalou também um ponto importante na questão do desemprego. Os números nominais não são suficientes para estabelecer os efeitos na renda dos assalariados. Pois existe o reemprego com redução efetiva do salário. O desemprego, assim, parece não ter crescido muito de fevereiro para março: 0,3%. Mas em matéria de renda, no mesmo período, houve um recuo de 2,8%.
EM ESCALA NACIONAL
Projetados esses números em escala nacional, assim eles se traduzem: força de trabalho do país praticamente 100 milhões de pessoas. Menos 0,3% representam 300 mil pessoas. Renda dos salários, algo em torno de 2 bilhões de reais. Menos 2,8% significam em torno de menos (números redondos) 560 bilhões de reais.
É problema demais para o povo suportar. O jeito é reduzir o consumo, de forma em que for possível. Menor consumo, menores arrecadações do ICMS, em consequência do Imposto de Renda, do INSS, para ficarmos só nesses.
O Banco Central já definiu subir a taxa SELIC em 0,5%, passando então para 13,25% anuais. Isso representa uma despesa adicional para o governo de mais 10 bilhões por ano, na rentabilidade das Notas do Tesouro que garantem o giro do endividamento e, simultaneamente, maior captação de recursos no mercado financeiro. Quer dizer: de um lado, corte de gastos, como defende Joaquim Levy; porém, de outro, aumento da despesa pública. No centro do dilema, para que lado, afinal, vai pender a presidente da República?
Eis um exemplo de opção difícil.





extraídadatribunadainternet

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