skip to main |
skip to sidebar
09:51
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O ESTADÃO
Mais do que nunca, a
direção do Partido dos Trabalhadores (PT), acuada por sucessivos
escândalos de corrupção, resolveu que o ataque é a melhor defesa - mesmo
que isso signifique distribuir caneladas toscas. O partido decidiu
atribuir suas agruras, agora oficialmente, a uma trama liderada por seus
adversários da "direita". A teoria da conspiração consta da última
resolução publicada pelo Diretório Nacional do PT.
Confundindo-se
com o próprio Estado, o PT considera que todas as acusações contra o
partido visam, na verdade, a desestabilizar o País - e os petistas então
convocam a militância a "defender a democracia e as conquistas do
povo". Para isso, conforme se lê na mesma frase da resolução, é preciso
"denunciar as tentativas de desqualificar a atividade política e de
criminalizar o PT".
Não é a primeira vez que o partido se diz
vítima de uma campanha que, segundo seu discurso, tem como verdadeiro
alvo a classe política em geral. Nem parece o mesmo partido cujo
principal líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já se
referiu ao Congresso, nos idos de 1993, como o abrigo de "300
picaretas". Mas aqueles eram tempos em que o PT era oposição -
orgulhosamente raivosa e sem nenhuma dificuldade para boicotar as
verdadeiras conquistas dos brasileiros, como o controle da inflação
proporcionado pelo Plano Real.
Agora, após 12 anos na
Presidência, o PT parece considerar que nenhuma forma de oposição é
aceitável e que qualquer movimento que lhe soe como ameaça à sua
permanência no poder só pode ser qualificado como "golpista". A
resolução, não por coincidência, usa esse termo e, ato contínuo, propõe
um movimento que forme "em torno da reforma política democrática uma
vontade majoritária na sociedade".
Que a reforma política é
necessária, não há dúvida. Quando proposta pelo PT, no entanto, a tal
"reforma" deve ser entendida como uma manobra para facilitar a
perpetuação do partido no poder - contra as "elites que não conseguem
vencer e nem convencer pelas ideias", conforme diz a resolução.
O
cardápio da reforma petista é conhecido. Em primeiro lugar, o partido
quer o fim das doações de empresas para campanhas eleitorais. A
proposta, em si, é correta, mas, na boca dos dirigentes petistas, ela se
presta à mistificação segundo a qual foi esse tipo de financiamento que
resultou nos escândalos do mensalão e do petrolão. Nessa lógica de
botequim, os políticos (especialmente os do PT) seriam vítimas de um
sistema que os corrompe. É uma forma de dizer que o malandro não
delinquiu porque é desonesto, mas porque a isso foi levado pelas
circunstâncias.
Embora desdenhe do mundo político, a resolução
petista "conclama a militância" a articular "partidos, organizações e
entidades" para criar "uma força política capaz de ampliar nossa
governabilidade para além do Parlamento". Ou seja, como está enfrentando
enormes dificuldades no Congresso, o PT quer apelar às ruas para
garantir a "governabilidade" - eufemismo para o completo controle
petista sobre o processo político e social.
Para conseguir esse
objetivo, nada melhor do que inventar um complô da oposição contra a
principal estatal e maior empresa do País. A resolução do PT denuncia
"as tentativas daqueles que investem contra a Petrobrás" e diz que as
seguidas acusações de corrupção envolvendo o partido são fruto da
"instrumentalização" das investigações, feitas "de forma fraudulenta",
com "objetivos partidários". As denúncias, afirmam os petistas,
"pretendem, na verdade, revogar o regime de partilha no pré-sal,
destruir a política de conteúdo nacional e, inclusive, privatizar a
empresa". Botar em pratos limpos a roubalheira que dilapidou a Petrobrás
equivale, portanto, a um crime de lesa-pátria.
Como se vê, é
difícil de escolher, na resolução do PT, que parte simboliza melhor as
imposturas do partido. Talvez a melhor passagem seja a que diz que o PT
"reafirma a disposição firme e inabalável de apoiar o combate à
corrupção" e que "qualquer filiado que tiver, de forma comprovada,
participado de corrupção deve ser expulso". Os mensaleiros, ovacionados
como "guerreiros do povo brasileiro" pela militância petista, que o
digam.
fonte avarandablogspot
0 comments:
Postar um comentário