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16:36
ANDRADEJRJOR
LUIZ FELIPE PONDÉ FOLHA DE SÃO PAULO
É evidente que os pais devem se ocupar da educação de seus filhos. Ponto. Mas tem limite
Vivemos
num mundo das modas de comportamento. Por exemplo: pais chatos. Você me
pergunta o que é um pai chato? Pode ser uma mãe chata também, mas
quando é pai, é pior ainda. Explico logo o porquê.
Antes, um reparo: evidente que os pais devem se ocupar da educação dos filhos. Ponto. Mas tem limite. Quer ver?
Há
anos, quando meus filhos estavam em idade escolar, fomos, minha mulher e
eu, a algumas reuniões. Poucas, porque sempre achamos que pais deveriam
ser educados e não frequentar muito essas reuniões porque os
professores, no final do dia, já estão cansados de correr atrás de
nossos pestinhas. Ah! Esqueci: hoje não se pode mais falar assim. Nossos
"hiperativos".
Meus filhos estudaram numa dessas típicas escolas
da zona oeste paulistana que custam R$ 3.000 por mês, ainda que
professores preguem voto no PSOL e levem os meninos para acampamentos do
tipo MST.
Lembro-me de uma reunião em especial em que uma mãe,
sentada atrás de mim, enchia o saco da professora de história, conhecida
por ser amada pelos alunos, porque ela achava que o programa de
história deveria contemplar mitos (o assunto era história antiga) nos
quais as mulheres fossem guerreiras "empoderadas" (a palavra já dá
vontade de vomitar...). E, também, que deveriam dar menos espaço para
gregos, romanos, hebreus e mais para outros povos.
A professora,
coitada, educadamente, depois de uma dia inteiro de trabalho, tentava
explicar à mãe chata que, em se tratando de história antiga ocidental,
não se podia negar a importância dos gregos, romanos e hebreus. Os
demais povos seriam contemplados (lembre-se: estamos falando de
Antiguidade!), mas esses três eram essenciais (na Antiguidade!) para a
matriz ocidental.
Outro tipo chato é aquele que acha que a escola
deve ensinar os alunos a mexer em computadores e afins. Normalmente, o
cara é engenheiro ou algo assim, mas acha que, porque tem um carro
coreano grande e branco, pode ensinar padre-nosso ao vigário. Só gente
mal informada acha que criança de classe média precisa de escola pra
aprender a mexer em computadores e afins.
Mais um tipo é aquele
participativo em todas as atividades da escola e que leva a sério
quando, educadamente, a instituição convida os pais a serem mais
"presentes no dia a dia da escola".
Esse é aquele tipo que se
senta na primeira fila nas reuniões e fala o tempo todo. Quando acaba a
reunião, lá pelas 22h, ele quer conversar com a professora enquanto ela
pega a bolsa e se dirige para o seu carro.
Tipo muito interessado
em saber como seu filho vai na escola, mas que na realidade quer falar
de algo que ouviu falar numa dessas reuniões com gurus que falam sobre
motivação em empresas, e acha que a professora deveria ler esse tal guru
que ganha milhões ensinando bobagens sobre liderança. O mundo
corporativo gasta milhões com gente fajuta.
Ou, quem sabe, pior
ainda, aquele tipo que, em escolas de crianças muito pequenas, quer
demonstrar sua condição de pai contemporâneo, disputando com as mães
quem sabe mais sobre alimentação infantil.
Tem mais um hilário
(entre tantos outros): os pentelhos que querem dizer para a coordenação
que a escola deveria colocar disciplinas novas, como "biking". Eita
mundinho chato, esse.
Estou devendo a você uma explicação de por que, normalmente, os pais assim acabam sendo mais chatos do que as mães.
Uma
das novas modas de comportamento é a mania de homens quererem o tempo
todo provar que entendem melhor de bebês do que as mães. Essas,
coitadas, acabam cedendo à moda porque, além de quererem ou precisarem
trabalhar, não podem negar ao marido a ilusão de ser um "pai
contemporâneo". Outras, infelizmente, creem de verdade que o fato de os
homens não poderem amamentar é uma injustiça social ou de gênero (o
"gender gap").
Óbvio que existem pais que sabem lidar com filhos
pequenos. E mães que não são lá tão obcecadas pelos filhos. Pena. Mas,
na maioria esmagadora dos casos, devemos deixar que as mulheres cuidem
dessa área, porque elas sabem há milênios o que significa carregar uma
criança nesse mundo.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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