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21:01
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O GLOBO
Antes da lei de
Responsabilidade Fiscal, estados e municípios não tinham limites de
endividamento e os gastos dos entes federativos e da própria União
estavam completamente fora de controle. A folha de pagamentos podia até
mesmo ultrapassar o total das receitas disponíveis.
A Lei
estabeleceu parâmetros para a dívida, inclusive estabelecendo um ajuste
gradual para que os entes federativos pudessem se adaptar. Assim, a
folha de pagamento não pode mais ultrapassar um determinado percentual
das receitas disponíveis e os gastos com inativos devem respeitar uma
proporção do que é pago aos servidores que estão na ativa. Isso obrigou
União, estados e municípios a buscarem formas de custear as despesas com
inativos, adotando, por exemplo, sistemas de previdência complementar.
Mas,
se por um lado, estados e municípios estão sujeitos a limites de
endividamento, no caso da União tais parâmetros ficaram de fora da Lei
de Responsabilidade Fiscal. A justificativa é que a dívida pública
federal tem outras funções, como a emissão de títulos que servirão de
instrumento para execução da política monetária pelo Banco Central. É
também o governo central que faz o ajuste do endividamento consolidado
do setor público.
Assim, a cada ano a autorização para o
envidamento federal é embutida no Orçamento Geral da União (OGU), e os
parâmetros fiscais — como, por exemplo, o superávit primário que o
governo central precisa alcançar — são estabelecidos na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O que se constatou, na prática, é
que esse arcabouço institucional mostrou-se muito frágil em relação à
União. A pretexto de executar uma política econômica anticíclica, o
primeiro governo Dilma descumpriu as metas fiscais, sempre apelando para
artifícios, que acabaram sendo batizados de “contabilidade criativa”.
Sem falar nas chamadas “pedaladas”, pelas quais despesas foram jogadas
de um exercício para outro, acumulando um volume de “restos a pagar” tão
elevado a ponto de existir um segundo orçamento, paralelo ao original.
Em
2014, esse desrespeito chegou a ponto de o governo impor ao Congresso
uma mudança no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, para ajustá-la
ao resultado fiscal do ano. O governo central foi liberado de qualquer
meta, comprometendo-se apenas a alcançar “o resultado fiscal possível”,
na verdade um estrondoso déficit (de 6% do PIB).
Da mesma maneira
de exercícios anteriores, esse rombo seria camuflado jogando-se mais
despesas para os “restos a pagar” de 2015, o que não ocorreu porque a
nova equipe econômica resolveu acabar com o escárnio antes mesmo de
assumir. O ex-ministro da Fazenda foi para casa de cara amarrada sem
sequer ter a elegância de transmitir o cargo a seu sucessor. Talvez
tenha ficado com vergonha da herança que deixou.
O importante agora é que se estabeleça um arcabouço institucional que impeça a repetição desses erros.
fonte avarandablogspot
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