skip to main |
skip to sidebar
09:54
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA O GLOBO
Declaração de Dilma só
pode ser ação coordenada de enfrentamento. A provocativa declaração da
presidente Dilma tentando atribuir ao ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso a culpa pretérita pelos crimes cometidos na Petrobras no período
de governos petistas, de 2003 a 2014, de tão tosca, só pode fazer parte
de uma ação coordenada de enfrentamento.
Tudo indica que o
governo e seu entorno decidiram agir de maneira coordenada para o
enfrentamento público das acusações, que logo serão conhecidas em sua
integralidade. Estão agindo em várias frentes. A CUT, braço sindical do
petismo, está convocando uma ridícula marcha em favor da Petrobras, não
contra aqueles que a saquearam nos últimos anos, mas contra quem
denuncia os desvios.
O pretexto é o de sempre, mas ainda
funcional em determinadas áreas: tudo não passaria de um golpe para
enfraquecer a Petrobras com o objetivo de privatizá-la. Sabe-se agora
que o ex-presidente Lula tem sido acionado por donos das empreiteiras
para uma intervenção impossível.
Também o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, foi acionado, deixando o flanco aberto para ser
acusado de estar agindo em defesa das empreiteiras. Na ação
governamental, a Controladoria-Geral da União (CGU) armou uma legislação
prêt-à-porter que transforma o Tribunal de Contas da União (TCU) em seu
órgão auxiliar no exame de acordos de leniência, e não fiscalizador,
auxiliar do Poder Legislativo.
Tudo para garantir que as
empreiteiras saiam da enrascada em que se meteram o menos prejudicadas
possível, sem perder a condição de continuar fazendo obras para o
governo.
Como não somos, ainda, uma república bananeira em que o
Executivo domina os demais poderes, como alguns de nossos vizinhos e
aliados de primeira linha, a resposta da sociedade está sendo vigorosa.
Numa
reação à tentativa de limitar os danos das empreiteiras, e como
consequência lógica da Operação Lava-Jato, o Ministério Público Federal
ajuizou ontem 5 ações de improbidade administrativa contra seis
empreiteiras acusadas de envolvimento no esquema de desvio de recursos
da Petrobras: Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior,
OAS e Sanko, num total R$ 4,48 bilhões.
A ação de improbidade
tem elementos até de direito penal, mas é um desdobramento cível do
processo. O acordo de leniência da CGU com as empreiteiras está sob o
crivo do Judiciário, e pode ser anulado. Se for o ministro que o assina,
o processo será no Supremo Tribunal de Justiça. Se for um funcionário
qualquer, será do juízo federal de Brasília.
Mas também o
Legislativo está vigilante quanto a essa dobradinha do CGU com o TCU,
sob as bênçãos do advogado- geral da União, Luís Adams, que também é
candidato ao STF juntamente com Cardozo. (Acho que a atuação dos dois no
episódio lhes tira qualquer possibilidade de serem indicados ou de
serem aprovados pelo Senado).
Há diversos movimentos no
Legislativo para anular essa nova legislação da CGU, e tanto do
advogado-geral da União quanto o ministro da CGU e o presidente do TCU
podem ser convocados para explicarem seus papéis nessa que se assemelha a
uma manobra para salvar as empreiteiras da punição mais rigorosa.
O
Ministério Público Federal quer que elas sejam impedidas de assinar
novos contratos com o governo. Já o acordo de leniência da CGU/TCU
determina expressamente que elas poderão continuar concorrendo às
licitações, assim como não perderão o direito de receber empréstimos dos
bancos públicos, notadamente do BNDES.
Na definição de uma velha
raposa política, "estamos diante de uma situação política nova que vai
engendrar comportamentos políticos inusitados". A começar pela situação
inusitada do Executivo, depois de ter armado uma maioria absolutíssima à
base de expedientes como os do mensalão e do petrolão, ter ficado
isolado politicamente, dependente do presidente da Câmara, o deputado
Eduardo Cunha, figura política ambígua que manobra a seu bel-prazer.
Qual será seu próximo passo?
FONTE AVARANDABLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário