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09:56
ANDRADEJRJOR
GUSTAVO GRISA GAZETA DO POVO
Quando nos dedicamos a
pesquisar melhores práticas internacionais para desenvolver projetos na
área de gestão pública no Brasil, nos deparamos com termos como
“excelência”, “serviço”, “compromisso” com o cidadão e contribuinte. É o
caso de Cingapura, França, Estados Unidos, Espanha e, mais
proximamente, de evoluções recentes em países como Colômbia e Chile.
A
retórica do “Estado servidor” está vinculada a uma noção ampla de
responsabilidade e de consciência do necessário equilíbrio entre os
recursos destinados ao custeio e investimento das atividades de governo,
e os serviços por este prestado, em todas as suas instâncias, ao país e
aos seus cidadãos.
Uma reflexão importante é: até que ponto as
estruturas do Estado brasileiro se tornaram um mecanismo ensimesmado,
que busca principalmente a sua manutenção, de sua corporação e de sua
estrutura? Até que ponto o Estado brasileiro acompanha as tendências
internacionais e evoluções na área, ou em certo ponto parou no tempo e
encontra-se em crise? Por exemplo, o foco da administração pública em
todo o mundo mudou de uma visão de universalização de serviços para uma
segmentação. Além das funções típicas de Estado, modernamente o setor
público deve atender a demandas e aspirações de diferentes grupos
sociais: empresários, população de baixa renda, idosos, jovens etc.
Um
dos fenômenos dessa dissociação do Estado brasileiro do sentido de
“serviço” está na bitributação que acontece em nosso país em relação a
serviços como saúde, educação e segurança, que são estruturalmente
oferecidos pelo Estado e, dentro de nosso sistema
tributário-contributivo, direito de todos os brasileiros, de forma
gratuita. Mas, no Brasil, já há algum tempo boa parte da população –
incluindo a maior parte da classe média-baixa e da classe média –
precisa pagar duplamente, e ser tributada duplamente, por serviços que
seriam, em tese, públicos e gratuitos.
A carga tributária
brasileira pressupõe a possibilidade de um “Estado de bem-estar social”.
No entanto, há problemas que atravancam esse caminho, como a falta de
direcionamento estratégico e sentido mínimo organizacional à estrutura, o
que acaba levando ao grande comprometimento com custeio, especialmente
pessoal, prejudicando o foco nos serviços oferecidos.
A estrutura
legal e organizacional do Estado brasileiro hoje é arcaica, paradoxal, e
um catalisador negativo de produtividade para o país, ao gastar muito e
entregar relativamente pouco. A sua reforma e modernização têm sido
sistematicamente preteridas por décadas, exatamente por essa difusão de
entendimento sobre sua finalidade e suas prioridades.
Finalmente,
a questão não é a simples defesa de uma causa como o Estado mínimo, mas
principalmente de um Estado com um mínimo de planejamento e propósito,
que possa servir melhor ao cidadão e ao contribuinte brasileiro em toda a
sua ampla representatividade e segmentos.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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