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21:00
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
Está sobrando mais para o
povo do que para o governo pagar o preço dos desarranjos na economia,
provocados pela gestão temerosa do Tesouro Nacional e por erros na
condução da política econômica do primeiro mandato de Dilma Rousseff. A
deterioração de praticamente todos os indicadores, como a inflação alta,
o saldo negativo nas contas do setor externo, o aumento da dívida
pública, o baixo ou nenhum crescimento em 2014 e, o pior de todos, o
deficit fiscal levaram o Brasil à beira do rebaixamento da condição de
destino confiável de investimentos.
Depois de campanha eleitoral
marcada por discurso divorciado da dura realidade nacional, ficou perto
do chão a credibilidade da presidente, o que torna mais difícil motivar
as pessoas a reagirem à estagnação econômica. A primeira medida foi
entender, embora sem admitir, que a farra do gasto público acabou e dela
ficou apenas enorme conta a ser paga com período de severo ajuste
fiscal.
A segunda foi trocar a equipe habituada ao
intervencionismo e à criatividade contábil por outra, acostumada à
ortodoxia dos que, em períodos de vacas magras, limitam os gastos às
receitas. Para isso, não hesitam em usar tesouras afiadas nas despesas e
vitaminas nas receitas.
É claro que a mudança encontrou e ainda
sofre resistências dos gastadores mais empedernidos do partido da
presidente e dos demais aliados. Tanto que já é quase certo que
restrições saneadoras aos benefícios descontrolados do seguro-desemprego
e das pensões serão "amenizadas" por pressão política.
Mas é ao
lado do aumento de receitas que o cidadão deve prestar mais atenção, já
que há várias armações para invadir o bolso e, nessa parte do ajuste, a
presidente parece estar mais disposta a praticar maldades. Sem coragem
para criar tributos ou ressuscitar defuntos malquistos como a CPMF, o
jeito foi subir alíquotas que tinham sido rebaixadas e retomar o velho
golpe do aumento oculto de impostos.
É o caso da correção da
tabela do Imposto de Renda, pauta obrigatória da primeira semana de
trabalhos do Congresso Nacional, que começa hoje. Depois da silenciosa
rejeição da medida provisória que fixava em 4,5% a tabela do IR para
2015 (que caducou sem ser apreciada), quando até o governo já sabia que
2014 fecharia com a inflação oficial de 6,4%, os parlamentares aprovaram
correção de 6,5%. A presidente vetou e, agora, deputados e senadores
querem derrubar o veto.
"Sinto muito, sinto muito", desculpou-se a
presidente na sexta-feira, na primeira entrevista que concedeu em 2015,
51 dias depois de assumir o segundo mandato. Dilma disse que vetou
porque o governo não tem recursos para ir além dos 4,5%.Perdeu ela a
ocasião de exercer a autoridade com a sabedoria de quem separa as
coisas.
Afinal, a diferença entre os dois percentuais pode ser
expressiva para os salários, que estão pagando mais pela gasolina,
eletricidade e alimentação, mas resulta em R$ 2 bilhões, que é quase
nada perto dos gastos enxugáveis da máquina pública, que a própria Dilma
ajudou a inchar. "Sinto muito, digo eu", poderá lhe responder o
contribuinte, que, com isso, ganhou mais um motivo para consumir menos e
esperar o pior de quem, há pouco, lhe prometia o paraíso.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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