O
alinhamento ideológico da CNBB, à esquerda e ao socialismo, como quer o
Foro de São Paulo e o PT, é evidentíssimo e cada vez mais escancarado. O
que antes se suspeitava, agora está mais do que comprovado. Os
assessores da CNBB [intelectuais orgânicos, gramscianos], que tanto
influem os bispos , sabem que paróquias e dioceses estão reféns desse
"alinhamento" e de tais forças, e funcionam como tentáculos do grande
polvo que se tornou a CNBB, a serviço dos interesses políticos do Foro
de São Paulo e do PT.
Aos
poucos, a sã doutrina moral e social da Igreja é esvaziada de seus
conteúdos e substituída pela ideologia bolivariana, que quer implantar a
"Pátria Grande" socialista, projeto este que vem sendo trabalhado há
décadas, e agora parece ter encontrado a conjuntura política favorável
para isso, tendo em vista que bolivarianos transitam e dão as cartas com
desenvoltura até mesmo no Vaticano. Aliás, o projeto da "Pátria Grande"
já é mencionado no próprio Documento de Aparecida (2007), e com a
reforma política bolivariana em curso hoje no Brasil (com a conivência,
cumplicidade e apoio ostensivo da CNBB), prepara o País [na tática da
rã cozida lentamente] a aceitar a revolução comunista travestida de
democracia, com a retórica do apelo à "democracia direta", para a
subversão total da ordem jurídica e política, com a ideologização da fé
em detrimento da doutrina religiosa. Com isso, os setores católicos à
esquerda e muitos que desconhecem o que está acontecendo, manipulados
pela CNBB, deixam-se usar para tais fins perversos, pois os assessores
da conferência episcopal brasileira sabem da capilaridade da Igreja, e
pouco se importam com os efeitos dessa reengenharia social que ajudam a
promover. São padres e bispos que querem o paraíso terrestre, aqui e
agora, aceitam o populismo, o imanentismo e até o panteísmo, em se
tratando de buscarem manter seus confortos, nos postos em que estão, e,
no campo das ideias, convergir cristianismo e comunismo, mesmo sabendo
que o Magistério da Igreja é categórico em condenar o socialismo e o
comunismo. Mas, para Frei Betto, por exemplo,"o cristianismo é
essencialmente comunista". E então, a teologia da libertação (mais viva
hoje e com mais poder) chegou aonde não devia estar, e, no Vaticano,
bispos e cardeais estão encantados com a nova utopia da "Pátria Grande"
latino-americana. Tais prelados dão todo respaldo para reabilitar os
"teólogos da libertação", para conseguirem a revolução tão desejada por
muitos, desde os anos do Vaticano II. Não é só a reforma política
sovietizada que querem no Brasil, mas em toda a Igreja. E a revolução no
continente latino-americano é hoje expressão da obsessão bolivariana,
insuflada pela teologia da libertação, para alcançarem os propósitos de
poder acalentados a tanto tempo.
Afinal,
desde 1985, com o primeiro encontro de Fidel Castro com os bispos
cubanos (depois da revolução de 1959), que o projeto bolivariano começou
a ser gestado concretamente para fazer da integração da América Latina o
novo bloco regional socialista, sonhado tanto por Fidel Castro. Mas o
próprio Fidel sabia que isso só seria possível instrumentalizando a
Igreja, inoculando em seu seio, de modo sutil e sofisticado, a subversão
da doutrina, com a ideologização da fé. Feito isso, usaria a estrutura
física da instituição para dar suporte à nova utopia do
bolivarianismo, sem que os católicos se dessem conta do processo, lento e
gradual, de corrosão da sã doutrina, pelos agentes da revolução, que
conseguiram alcançar, com astúcia, os altos escalões
eclesiásticos. Desde o início, o Brasil foi visto como a galinha dos
ovos de ouro, pois é um país continental, cujos recursos em muito
ajudariam não só Cuba, mas toda a "Pátria Grande" socialista. Mas para
fazer a revolução, por dentro, seria preciso contar com a "teologia da
libertação".Mesmo barrada por Ratzinger [especialmente Boff, em 1984],
Fidel não desistiu. Ele sabia que ela seria o "fermento na massa" da
revolução dentro da Igreja. Já em 2005, tentaram um "plano ousado" de
cardeais progressistas elegerem um papa latino-americano comprometido
com o projeto da "Pátria Grande", mas foi o próprio Ratzinger quem
ganhou, ao menos naquele momento, e tentou por um dique à convulsão
revolucionária. Mas o próprio Andreas Englisch conta em seu livro sobre
Bento XVI, de que não havia chegado a hora da "grande revolução". E o
mesmo Englisch narra o quanto Ratzinger foi boicotado, desde o início.
Ele próprio reconheceu em seu livro: "Existe, definitivamente, um grupo
anti-Ratzinger dentro do Vaticano". O fato é que Ratzinger havia
condenado a teologia da libertação, mas Fidel Castro, no ano seguinte à
condenação de Boff, explicou pessoalmente a Pedro Casaldáliga:"A
teologia da libertação é mais importante que o marxismo para a revolução
latino-americana".
"A democracia como método revolucionário"
Ao apoiar explicitamente a reforma política que favorerece o projeto totalitário do PT no Brasil, com a constituinte exclusiva, a CNBB endossa assim o afã da esquerda política pela "radicalização da democracia", que Dilma Roussef inclusive já quis impor com o Decreto 8243, rechaçado pela Câmara dos Deputados. Bolivarianismo este, que significa a implantação do socialismo, a exemplo do que já aconteceu na Venezuela e na Bolívia, etc. No Brasil, as Campanhas da Fraternidade são parte desta estratégia de doutrinação ideológica marxista e revolucionária, que há anos vem instrumentalizando setores da Igreja (via CNBB, Pastoral da Juventude, e outras pastorais e movimentos), ampliando assim a infiltração esquerdista no seio da Igreja, cujas bandeiras ideológicas e políticas de premissas socialistas contradizem com a sã doutrina moral e social da Igreja. O caso da Venezuela foi bem explicado no programa Força, Foco e Fé [https://soundcloud.com/rvox_org/forca-foco-fe-afinal-o-que-e-o-plebiscito-constituinte-04122014?in=rvox_org/sets/for-a-foco-f], em que Carla Andrade explicou que Hugo Chavez, utilizou-se dos mesmos argumentos que a CNBB defende na CF-2015, para "sequestrar os direitos civis e políticos dos venezuelanos, passando de uma democracia representativa para passar a um estado totalitário, com a retórica da democracia participativa. Um golpe de estado sui generis, instalado com aparência jurídica".
A
democracia, corrompida em demagogia, é utilizada como "método
revolucionário", como afirmou Álvaro Garcia Linera, vice-presidente da
Bolívia e intelectual marxista, na inauguração do XX encontro do Foro de
São Paulo, realizado em La Paz, entre 25 a 27 de agosto de 2014 [http://forodesaopaulo.org/discurso-do-vice-presidente-da-bolivia-alvaro-garcia-linera-na-inauguracao-do-xx-encontro-do-foro-de-sao-paulo/].
Nos 24 anos de existência do Foro de São Paulo, Linera conta que o
sucesso para instalar governos progressistas e revolucionários na
América Latina foi justamente aceitar a democracia como etapa prévia
para um processo que deságüe na acalentada revolução socialista, cujos
insurgentes latino-americanos, há décadas vem atuando de modo
organizado, e sistematicamente nesse sentido. Linera ressalta aos
participantes do XX encontro do Foro de São Paulo, que é preciso
entender "a democracia como método revolucionário", e para isso, é
preciso "radicalizar a democracia" [é o que propõe a CNBB no documento
91, de 2010, "Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática",
chegando à chamada "democracia direta e participativa", pois só assim
será possível o contexto anárquico favorável à revolução socialista, com
o método indicado por Linera. Por isso, a reforma política que querem
tais grupos (principalmente o PT), no Brasil (apoiada na CF-2015), é a
que Dilma Roussef acenou com o Decreto 8243/2014 [https://www.youtube.com/watch?v=LDspWPatQSs],
com a chamada Política Nacional de Participação Social. Mas não foi
possível viabilizar tal iniciativa nas instâncias decisórias do
Legislativo brasileiro, daí que as ONGs, as entidades, os movimentos, as
redes e os coletivos, junto com a CNBB, OAB e outros, defendem a
reforma política bolivariana, de modo plebiscitário, com constituinte
exclusiva, para efetivar assim as condições políticas para a
concretização da integração latino-americana, com Cuba comunista no
comando, da "Pátria Grande" socialista. E tudo isso com as bênçãos da
CNBB, do CELAM e até do Vaticano.
O
fato é que a Igreja Católica está em perigo, e perigo muito grande, com
inimigos tão ardilosos, agindo por dentro, e com tão grande poder. Urge
que os católicos entendam essa situação e se mobilizem em defesa da sã
doutrina moral e social da Igreja, não aceitando que a Esposa de Cristo
seja refém de tais forças. No Brasil, o primeiro passo é exigir que a
CNBB retire o apoio a esta equivocada reforma política bolivariana, como
apresenta no texto-base da Campanha da Fraternidade de 2015.
Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida.
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