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16:11
ANDRADEJRJOR
MERVAL PEREIRA O GLOBO
Digamos que sim, a
presidente Dilma Rousseff tem razão. Se o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso tivesse mandado investigar a Petrobras em 1996, 1997,
poderia ter descoberto o esquema de corrupção que o gerente Pedro
Barusco montara. E talvez outros gerentes também tivessem seus esquemas.
Mais
ainda. Se a denúncia de Paulo Francis, de que diretores da Petrobras
tinham contas secretas na Suíça, tivesse sido investigada, talvez se
tivesse descoberto antes as roubalheiras na Petrobras. Não houve nenhuma
denúncia na época contra Barusco, e Francis não tinha nenhuma prova
sobre as contas secretas, mas, vá lá, o governo poderia ter descoberto
coisas 20 anos antes do petrolão.
Por esse raciocínio, porém,
também o governo petista poderia ter investigado, a partir de 2003,
todos esses malfeitos anteriores que o governo tucano havia
negligenciado.
Nesse caso, sabemos exatamente o que aconteceria
se o governo petista, ao assumir a Presidência da República, tivesse
feito uma devassa na Petrobras: não teria sido montado o esquema que
hoje conhecemos por petrolão, e que, segundo os depoimentos dos
empreiteiros e ex-diretores da Petrobras envolvidos, começou a funcionar
no mesmo ano em que o PT chegou lá.
O problema do PT e de seus
governantes é que eles falam muito e fazem pouco do que cobram dos
adversários. "Fazer concessões no pré-sal é privatizar, é dar a empresas
privadas um bilhete premiado", acusou a presidente Dilma diversas
vezes, afirmando que a campanha atual visa entregar nossas riquezas aos
estrangeiros. É o mesmo mote da CUT na convocação para um protesto a
favor da Petrobras, e também a base do documento de alguns intelectuais
petistas lançado por esses dias. Só que o governo Lula licitou,
utilizando o sistema de concessão, vários blocos do pré-sal sem que
houvesse necessidade de fazê-lo. Estava privatizando nossas riquezas?
Com relação à privatização da Vale, que os petistas acusam de ter sido
vendida a preço de banana, o governo petista teve uma ocasião perfeita
para revertê-la em 2007, quando o deputado Ivan Valente, do PSOL,
apresentou um projeto nesse sentido que foi analisado na Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara.
Já
contei essa história aqui antes, mas vale a pena repeti-la. O relator do
projeto foi o deputado José Guimarães, hoje líder do PT, irmão de José
Genoino, aquele mesmo cujo assessor fora apanhado com dólares na cueca
num aeroporto na época do mensalão.
O relator petista votou pela
rejeição ao Projeto de Lei, alegando que "não há como negar que a
mudança das características societárias da Companhia Vale do Rio Doce
foi passo fundamental para estabelecer uma estrutura de governança
afinada com as exigências do mercado internacional, que possibilitou
extraordinária expansão dos negócios e o acesso a meios gerenciais e
mecanismos de financiamento que em muito contribuíram para este
desempenho e o alcance dessa condição concorrencial privilegiada de
hoje".
Segundo o petista, "a privatização levou a Vale a efetuar
investimentos numa escala nunca antes atingida pela empresa, (.) o que,
naturalmente, se refletiu em elevação da competitividade da empresa no
cenário internacional". José Guimarães assinalou que com a privatização a
Vale fez seu lucro anual subir de cerca de US$ 500 milhões em 1996 para
aproximadamente US$ 12 bilhões em 2006. E o número de empregos gerados
pela companhia também aumentou desde a privatização - em 1996 eram 13
mil e em 2006 já superavam mais de 41 mil.
Também a arrecadação
tributária da empresa cresceu substancialmente: em 2005, a estatal pagou
R$ 2 bilhões em impostos no Brasil, cerca de US$ 800 milhões ao câmbio
da época, valor superior em dólares ao próprio lucro da empresa antes da
privatização. Todos esses fatos mostram que o que o PT sabe fazer mesmo
é luta política, sem se importar com a veracidade do que é dito, nem
com as consequências de suas palavras.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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