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21:36
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL FOLHA DE SP
No primeiro dia do ano,
em discurso de posse no Congresso Nacional, a presidente reeleita Dilma
Rousseff (PT) anunciou que o lema de seu segundo mandato seria "Brasil,
Pátria Educadora".
Mais apropriado seria designar a frase como
slogan. Assim se explicitaria seu caráter propagandístico, evidenciado
por medidas que só em 2015 vieram a lume --primeiro com o Fies, depois
com o Pronatec.
O Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)
custeia estudos de graduação com empréstimos a juros subsidiados de 3,4%
ao ano. De 2010 a 2014, o número de estudantes financiados foi de 76
mil para 700 mil, com desembolsos de mais de R$ 13 bilhões no ano
passado.
No final de dezembro, o governo federal alterou as
regras para concessão dos financiamentos e mudou a sistemática de
pagamento das mensalidades às instituições de ensino superior. Elas só
receberão as parcelas do segundo semestre deste ano em 2016, uma manobra
óbvia para postergar despesas.
Na mesma época, o Planalto
decidiu atrasar também os gastos com outra peça de resistência na
propaganda de campanha, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego).
Como a iniciativa banca o oferecimento
de cursos técnicos gratuitos, instituições particulares viram aí uma
excelente oportunidade de aumentar clientela e faturamento, a exemplo do
que se deu no Fies.
Na campanha eleitoral, Dilma prometeu elevar
de 8 milhões para 12 milhões os beneficiários do Pronatec. Na surdina,
seu governo interrompeu o fluxo de pagamentos correspondentes às aulas
dadas em outubro por cerca de 500 instituições, como revelou esta Folha.
No
mesmo dia, o Ministério da Educação anunciou a liberação de R$ 119
milhões e a regularização dos desembolsos de 2014 para instituições
privadas. Segundo o comunicado, elas respondem por 7% das matrículas do
Pronatec. Por esse serviço, já teriam recebido R$ 640 milhões no ano
passado.
Nada disso altera o fato de que, ao aplicar o torniquete
nas verbas educacionais, o governo Dilma Rousseff contradiz as
promessas grandiosas sobre ensino e qualificação apresentadas na
propaganda e sugeridas na posse.
Passou da hora de a presidente
vir a público e explicar a seus eleitores que não vale o que disse no
palanque. Vale, sim, o que se vê obrigada a fazer para consertar o
estrago nas contas públicas provocado em seu primeiro mandato.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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