Carlos Chagas
Como ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo tinha direito de receber em seu gabinete advogados dos empreiteiros presos pela Operação Lava Jato? Tinha, até porque é o chefe da Polícia Federal, em cujas celas alguns dos empreiteiros estão submetidos a tratamento desumano, obrigados a dormir no chão. Agora, de forma alguma o ministro poderia ter discutido com os advogados aspectos dos processos a que seus clientes respondem na Justiça, como parece que aconteceu. Daí a crítica de Joaquim Barbosa, temeroso da possibilidade de seus ex-colegas do Supremo Tribunal Federal libertarem os presos, aceitando os pedidos de habeas-corpus impetrados pelos advogados. É aqui que se entrelaçam duas questões distintas, gerando a suspeita de o titular da Justiça estar interferindo no Judiciário.
O nó ficará mais apertado quando o Procurador-Geral da República liberar a lista dos envolvidos no escândalo da Petrobras: saberemos quais os políticos denunciados ou submetidos a inquérito criminal. Os detentores de mandatos parlamentares serão julgados pelo Supremo, os demais, sem mandato, na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba. Ao juiz Sérgio Moro caberá decidir se estes responderão em liberdade ou ficarão presos junto com os empreiteiros. Não haverá colchonetes em número suficiente, nem chão bastante para depositá-los nas dependências da PF. Os novos capítulos dessa novela de horror surgem fascinantes, repousando a chave para desencadeá-los nas mãos de Rodrigo Janot, o Procurador-Geral, e do ministro Teori Zavascki, relator da questão na mais alta corte nacional de justiça.
A confusão é grande, ainda que os novos lances possam revelar-se frustrantes. Os processos serão demorados, especialmente no Supremo, como também no desdobramento para os tribunais do julgamento na primeira instância. Mas tudo indica, conforme teme Joaquim Barbosa, a abertura das celas. Vale repetir, para os presos milionários em condições de contratar custosos advogados, daqueles capazes de ser recebidos pelo ministro da Justiça.
O GRANDE MUDO
Até a silenciosa CUT decidiu botar a boca no trombone e protestar contra as medidas provisórias que limitam o salário-desemprego e as pensões das viúvas. Não há como negar, os companheiros sindicalistas posicionam-se contra a presidente Dilma e seu governo. A única voz que de público não foi ouvida nem contra nem a favor é a do Lula. Na intimidade, porém, não poupa críticas veementes. A sucessora meteu a mão num vespeiro, diz o antecessor…
fonte atribunadainternet
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