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21:37
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O GLOBO
Prisão do prefeito de
Caracas se soma a de outros membros da oposição e empresários, numa
escalada repressora proporcional ao descontentamento geral
Aprisão
do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, um dos principais líderes da
oposição ao governo de Nicolás Maduro, revela, no recrudescimento da
crise venezuelana, a escalada da ação truculenta do Estado. Ledezma foi
preso na quinta-feira por cerca de 50 agentes do Serviço Bolivariano de
Inteligência Nacional (Sebin) que invadiram seu gabinete e o levaram
para um centro militar, acusando-o de conspirar para derrubar o regime.
Segundo a mulher do prefeito, Mitzy, a prisão foi realizada aos
empurrões e com disparos de arma de fogo, numa ação em que Ledezma foi
agredido.
Como fez Hugo Chávez, seu mentor, Maduro recorre a
tramas conspiratórias e ações subversivas para justificar atos de
violência institucional. Em cadeia de TV após a prisão, ele acusou
Ledezma de fomentar um golpe de Estado. “Chega de vampiros conspirando
contra a paz”, disse o presidente venezuelano, referindo-se ao apelido
com o qual se refere ao prefeito. Maduro também voltou a acusar o
governo americano de ingerência nos assuntos internos do país. Este mês,
Washington apresentou sanções contra altos funcionários do governo
venezuelano, acusados de reprimir violentamente os protestos do ano
passado, que deixaram 45 mortos. Além disso, investiga militares
venezuelanos acusados de participar do cartel Los Soles, responsável
pelo transporte, no país, de drogas da Colômbia para os EUA.
Não é
por acaso que o prefeito de Caracas se une a uma longa lista de
opositores presos, entre os quais Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao,
detido há um ano, durante os protestos; Enzo Scarano, ex-prefeito da
cidade de San Diego, um dos epicentros dos protestos; e Daniel Ceballos,
ex-prefeito de San Cristóbal. Além destes, María Corina Machado foi
cassada da Assembleia Nacional após denunciar na OEA a repressão do
regime nos protestos; o governo venezuelano também prendeu empresários,
acusados de estocar alimentos, e jovens do movimento estudantil.
A
repressão cresce à proporção que a popularidade de Maduro despenca,
inclusive em redutos bolivarianos, sob o peso de uma economia em crise
aguda, com graves sequelas sociais. A queda dos preços do petróleo e uma
política econômica populista geraram uma inflação acima de 60%, a queda
do PIB, a desvalorização do bolívar e a escassez de produtos de
primeira necessidade. Associada a altos índices de criminalidade, essa
situação motivou os protestos do ano passado.
Acuado, o regime se
torna cada vez mais intolerante a qualquer situação que possa gerar
manifestações. Recentemente, por exemplo, o Parlamento autorizou o uso
de armas letais em protestos. A subsecretária de Estado americana para a
América Latina, Roberta Jacobson, disse que os EUA estão “profundamente
preocupados” com o aumento da repressão. Em contraste, a reação de
Unasul, OEA e até do Brasil, tem sido, até agora, desproporcional à
escalada da violência do regime. Tal silêncio, se perdurar, corre o
risco de transformar esses atores, de mediadores a cúmplices.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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