Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Meus heróis morreram de overdose

VLADY OLIVER

E meus inimigos estão no poder. Já denunciei e já brinquei aqui mesmo com aquilo que imagino ser uma dupla falta de caráter, característica infeliz de uma geração inteira, infelizmente. O que liga o Spider, Dilma e Lula e os Nardoni é talvez a mais pernóstica noção de grandeza que um ser humano teimaria em cultivar. Negar um crime ou uma conduta reprovável – ou os dois – é a reincidência da falta de caráter.

O que custaria ao herói de tantos lutadores admitir que fez o que fez? É o ínicio do processo de perdão, meus caros leitores: admitir o erro e se dedicar a consertá-lo. Aceitar a pena e a justiça como exemplo para a sociedade e não só como uma mancha no currículo. Com isto você depura a alma e começa tudo de novo, mostrando que a pessoa erra, mas pode se envergonhar dos seus erros. Que ainda lhe sobra a ética, apesar do deslize.
Uma substância para turbinar os músculos, uma menininha atirada pela janela e um país inteiro clamando por justiça parecem não bastar para comover essas pessoas e as demover do relativismo pusilânime em que chafurdam infinitamente. Da inverdade que só interessa a elas mesmas. É morar no inferno aqui mesmo. Da negação às últimas consequências como método de relativização de seus crimes, o que sobra além do benefício da dúvida cristalizado na conduta dessas mentes pequenas é o malefício do travesseiro; aquele que só permite dormir quem é honesto consigo mesmo.
Saber que você convive com um enganador dentro de si mesmo deve ser a mais devastadora das doenças para quem a percebe como tal. Aquela doença que inicia todas as outras. No jogo de espelhos do caráter, o lutador, os presidentes e o casal paranormal aqui destacados são sim projeções da mesma coisa. Da mesma covardia. Do mesmo teatro do absurdo. O grande problema é que nem sempre a platéia está disposta a assistir à performance marreta destes artistas da vigarice, especialmente quando as luzes do palco jazem apagadas.
É patético ver no que se transformaram e no que insistem em se travestir. Somos órfãos disso aí, meus caros. Órfãos da decência. Depois ninguém entende como aparece um Estado Islâmico na face da Terra. Ele aparece quando nossos vingadores são essa lerda lesma que estamos vendo. Quando morrem de overdose de si mesmos.


FONTE AUGUSTONUNESOPINIÃO

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