Após
certa acomodação em janeiro, o dólar mostrou forte aceleração em relação ao
real nas duas primeiras semanas de fevereiro. O movimento foi tão intenso que o
real passou a ser a quarta divisa que, no acumulado de 2015, mais perdeu valor
em comparação ao dólar, considerando um total de 47 moedas negociadas no
mercado à vista de Forex (câmbio internacional). No fim de janeiro, a moeda
brasileira era apenas a 23ª no ranking de perdas ante o dólar.
Até
sexta-feira (13/02), o dólar já acumulava alta de 6,6% no ano em relação ao
real, conforme levantamento feito pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo
real da Agência Estado. Esta valorização só é inferior à registrada pelo dólar
ante a naira da Nigéria (+11,46%), a coroa da Suécia (+7,48%) e o dólar do Canadá
(+7,14%). Ontem, o dólar à vista negociado no balcão subiu 0,32%, aos R$
2,8440, no sétimo avanço dos últimos dez dias úteis.
Nos
últimos dias, o que mudou foi a percepção em relação ao Brasil. Em 30 de
janeiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deu a largada no movimento mais
intenso de valorização do dólar ante o real ao afirmar que não tem a intenção
de manter o câmbio “artificialmente valorizado”. Na visão de boa parte dos
investidores, o comentário foi uma indicação de que o governo pretende deixar o
câmbio livre e pode até acabar com o programa de leilões diários de swap
(equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) depois de março.
As
notícias que saíram nas duas primeiras semanas de fevereiro não foram
favoráveis e elevaram o pessimismo em relação ao país. Do risco de racionamento
de água e luz à desconfiança sobre a capacidade de o governo cumprir a meta
para as contas públicas em 2015, tudo serviu de motivo para que os investidores
buscassem a segurança do dólar.
“Após um
início de ano que indicava um período de calmaria no câmbio, o cenário mudou”,
afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. De acordo com
ele, várias ações do governo também pesaram para a desvalorização do real. As
escolhas de Aldemir Bendine e de Miriam Belchior para a presidência da
Petrobrás e da Caixa, respectivamente, passaram um sinal contraditório, diz
Silvio. “Esses dois nomes são muito alinhados com a política econômica do
primeiro mandato, o que colocou um pouco de dúvida sobre a disposição do
governo de mudar a economia.” Além disso, houve uma deterioração do quadro
político com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) para a presidência da Câmara dos
Deputados, o que tende a dificultar a relação do governo com o Congresso.
Tendência
Entre os
profissionais ouvidos pelo Broadcast há consenso de que a tendência para o
dólar é de alta. E poucos se arriscavam a dizer em qual nível a moeda americana
vai se estabilizar. Um dólar a R$ 3,00 já era projetado por alguns para o meio
do ano, assim como uma moeda a R$ 3,20 no fim de 2015.
A
tendência mais geral para o dólar deve vir dos Estados Unidos. Se o Federal
Reserve (Fed, o banco central dos EUA) der a partida em seu processo de alta
dos juros, o mercado global de moedas tende a passar por mais ajustes de alta
para o dólar.
Fonte:
Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Fonte por:
Comunicação Millenium
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