editorial de O Globo
A maior crise na história da empresa é causada por um partido de esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os matizes
Num enredo de realismo fantástico aplicado à política, o lulopetismo,
corrente hegemônica do PT, partido de esquerda, é que se tornou o maior
algoz da Petrobras, nas seis décadas de história da estatal, ícone da
própria esquerda. Não foram o “neoliberalismo” da social-democracia
tucana nem os “entreguistas” de todos os matizes o carrasco da
companhia, como petistas sempre denunciaram. Bastaram 12 anos de
administração comandada pelo PT para a maior empresa brasileira, situada
também com destaque em rankings internacionais, chegar ao ponto de não
ter acesso ao mercado global de crédito, devido ao alto risco que
representa.
A maior crise da história da Petrobras tem começo, meio e ainda não se
sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor, depois da baixa
patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos dramáticos
produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina patrocinada
por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto — a
decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também
inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho de Administração — a
divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano passado sem
auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi revelado
que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de que
eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e
mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção
em si, o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a
que está desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia
contra responsáveis por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450
milhões foram recuperados e R$ 200 milhões, bloqueados na forma de bens
de réus. Para comparar: no mensalão foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal ao lulopetismo sindical,
de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente da estatal, ele
foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras do
centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser apadrinhados por políticos/partidos, e assim
abriram-se as portas do inferno. O próprio Lula fez uso político da
estatal, ao impor a construção de refinarias inviáveis no Maranhão e no
Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e Ciro). Elas acabam de
sair dos planos da estatal, mas, só em projetos, desperdiçaram R$ 2,7
bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do superfaturamento,
surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem que a
Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da
estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de investimento”.
Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do “junk”,
“lixo”. Com méritos.
FONTE ROTA2014
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