editorial do Estadão
Enquanto os professores se permitirem representar por partidos sem voto -
aqueles que dependem do caos para triunfar - sua reivindicação por
condições melhores de trabalho e de vida servirá como instrumento para
que aqueles oportunistas exercitem sua truculência liberticida.
Recentes conflitos envolvendo professores em São Paulo e no Paraná
revelam uma estratégia comum entre os sindicatos dessa categoria
profissional: provocar situações embaraçosas para governos administrados
por seus adversários políticos e ideológicos. A luta dessa turma,
portanto, nada tem a ver com a dos professores. Seu interesse está mesmo
é na confusão de valores, na desinformação e na desmoralização das
instituições democráticas, situação de onde a mazorca extrai sua força.
Em Curitiba, na quarta-feira passada, manifestantes liderados pelo
sindicato dos professores tentaram invadir o prédio da Assembleia
Legislativa, durante a votação de um projeto de lei do governo que
alterava a forma de custear o regime de Previdência Social dos
servidores do Paraná.
Dias antes, os representantes dos professores haviam decidido deflagrar
uma greve em protesto contra a tramitação do projeto - por meio do qual a
aposentadoria de 33,5 mil servidores, hoje bancada pelo governo,
passaria a ser de responsabilidade também do funcionalismo estadual, com
recursos do fundo Paraná Previdência. Com isso, projeta-se uma economia
mensal de R$ 125 milhões, como parte das medidas de austeridade que o
governador Beto Richa (PSDB) vem tentando aprovar desde que foi
reeleito.
A Polícia Militar (PM) havia cercado a Assembleia em cumprimento a uma
ordem judicial que impedia que professores entrassem no prédio durante a
votação. O interdito proibitório resultou de fundado temor de que
houvesse tumulto e vandalismo, pois o movimento de professores já havia
invadido a Assembleia em fevereiro, quando o governo tentou aprovar um
pacote de cortes de gastos. Na ocasião, a votação acabou suspensa, em
razão da ocupação do prédio - no dia seguinte, alguns deputados que
ainda tinham expectativa de conseguir votar tentaram entrar no prédio em
carros da Polícia Militar, pela porta dos fundos, mas nem assim puderam
continuar a sessão. A baderna triunfou sobre a democracia.
Cerca de três meses depois, o mesmo movimento de professores, decerto
confiante no sucesso de sua estratégia violenta, acreditou que não seria
um pedaço de papel assinado por algum juiz nem a presença de um grande
contingente policial que o impediria de criar um novo constrangimento
para o governo estadual e para as instituições democráticas.
Assim, esses manifestantes - cerca de 5 mil, segundo a PM - forçaram a
passagem que lhes estava vedada, provocando pronta reação da polícia.
Mais de 200 pessoas ficaram feridas, policiais entre elas.
Não se pode deixar de criticar a violência desmedida da PM em alguns
casos, mas também não se podia esperar outra reação da força de
segurança destacada para fazer cumprir a lei - coisa que esse pessoal
com máscaras, pedras e paus, em seus delírios, vê como expressão de um
regime que pretende derrubar.
Situação semelhante viveu a cidade de São Paulo há alguns dias, quando
professores em greve tentaram invadir a Secretaria Estadual de Educação.
Os arruaceiros usaram até mesmo uma espécie de aríete para abrir os
portões de ferro. A PM reagiu, como era seu dever.
A contínua ocorrência desses episódios, nos últimos tempos, dá a certeza
de que não se trata de uma coincidência fortuita. Os inimigos da
democracia parecem ter concluído que é fácil miná-la por dentro,
provocando situações violentas envolvendo professores - uma categoria
profissional querida pela sociedade - para que sejam vistos como vítimas
de um Estado opressor e, a partir daí, consigam vergar as instituições a
ponto de submetê-las a seus propósitos.
Enquanto isso, as crianças sofrem com a falta de aulas - e, quando têm, é
de questionar que tipo de lições elas andam aprendendo.
extraídadoblogtribunadainternet
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