CARLOS CHAGAS
Com o Carnaval na rua, fica impossível fugir à tentação de imaginar
desfiles para o nosso mundo político. Com as devidas desculpas por
certas irreverências, vale listar personagens e as respectivas
fantasias.
Na Comissão de Frente, os presos da Operação Lava Jato, vestidos de
Irmãos Metralha, cada um carregando no mínimo dez máscaras
suplementares, a ser oferecidas aos futuros integrantes da lista do
Procurador Geral. Rodrigo Janot aparece como Torquemada, seguido dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, em elegantes batinas Dominicanas,
lendo proclamações da Santa Inquisição.
O desfile não poderia deixar de apresentar, logo depois, a presidente
Dilma, porta-bandeira vestida de Papisa Joana, aquela que não deveria
sentar-se no trono de São Pedro, mas sentou. Como par, o Lula,
fantasiado de Napoleão exilado na ilha de Santa Helena, reconhecendo a
impossibilidade de conquistar outra vez o mundo.
Viriam em seguida José Dirceu e os companheiros condenados no
mensalão, como Piratas da Perna de Pau, com exceção para Antônio
Pallocci, de Pinóquio. Henrique Pizzolato, o Homem da Máscara de Ferro.
João Vaccari Neto, Long John Silver na Ilha do Tesouro. Alberto
Youssef e Paulo Roberto Costa, mascarados como Drácula e Lobisomem,
amarrados à cópia de uma torre de petróleo da qual, de minuto a minuto,
jorra uma substância orgânica não propriamente preta, pois marrom.
BATERIA DOS EMPREITEIROS
Segue-se a Bateria dos Empreiteiros, com os tamborins vibrando a
melodia do “Retorno Dos Que Não Partiram”, em seguida a Polícia Federal,
vestida de Zorro e do Sargento Garcia.
Sucedem-se os Destaques, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
sugerindo a Noite De São Bartolomeu para acabar com seus adversários. O
ministro Aloísio Mercadante como Tiradentes, único responsável pela
conspiração destinada a promover a independência do PT. E o juiz Sérgio
Moro de Estátua da Liberdade, sem necessidade de explicações.
Fernando Henrique Cardoso, à maneira de outros Carnavais, tirou do
baú a fantasia de Ramsés II e Marta Suplicy inaugura o Chapeuzinho
Vermelho. Aécio Neves, de Lobo Mau, e o ministro das Minas e Energia,
Eduardo Braga, de Beduíno do Deserto do Saara.
CENTRAIS SILENCIOSAS
A bateria das Centrais Sindicais desfila silenciosa, com seus
instrumentos em funeral. O bloco dos Pequenos Partidos da Base do
Governo traz Al Capone como patrono. Cada folião leva uma metralhadora a
tiracolo. Lá atrás, distanciado ao máximo do casal que abriu o desfile,
vem o vice-presidente Michel Temer, caracterizado como Café Filho.
Para encerrar, à maneira do saudoso Joãozinho Trinta, montes de
trabalhadores esfarrapados e descalços, entoando o samba-enredo
“Devolvam Nossos Direitos”. Perdido no meio deles, o jurista Ives Gandra
Martins recitando “É Hoje Só, Amanhã Não Tem Mais”.
Na Praça da Apoteose, entre a confraternização de todos, a
Quarta-Feira de Cinzas, iluminada pelo sol da manhã, ouve os clamores da
multidão queixosa: não se fazem mais Carnavais como antigamente…
FONTE ATRIBUNADAIMPRENSAONLINE





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