DYELLE MENEZES - SITE CONTAS ABERTAS
No
discurso de posse do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff anunciou que
o lema de seu novo governo será “Brasil, Pátria Educadora”. Apesar da frase
sintetizar a priorização da educação no governo federal, até agora o lema não
se refletiu nos investimentos da área. As aplicações do Ministério da Educação
(MEC) caíram quase 30% no primeiro trimestre de 2015 quando comparadas com
igual período de 2014.
Nos três
primeiro meses deste ano, R$ 1,5 bilhão foi destinado para obras e compra de
equipamentos, contra R$ 2,1 bilhões do ano passado. A previsão é de que R$ 14,2
bilhões sejam aplicados pelo MEC em 2015. No exercício de 2014, o valor era
pouco menor: R$ 14,1 bilhões.
O
desempenho menor em relação ao ano anterior, por consequência, também foi
observado nas iniciativas do MEC. Para a rubrica “Educação Básica” foram
aplicados R$ 671,2 milhões em 2015. No ano passado, o programa recebeu R$ 1,1
bilhão, isto é, 63% a mais do que no início deste exercício.
Os
recursos são destinados à aquisição de veículos para o transporte escolar,
construção de escolas de educação infantil, aquisição de equipamentos e
mobiliário das unidades, além da construção de quadras esportivas escolares e
adequação e cobertura das existentes.
Nos
programas “Educação Superior – Graduação, Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e
Extensão” e “Educação Profissional e Tecnológica” a redução dos recursos para
obras e compras de equipamentos foi menor. Naquele os valores passaram de R$
513,6 milhões para R$ 443,8 milhões. Já nesse queda foi dos R$ 301,1 milhões de
2014 para R$ 265,6 milhões deste ano.
O MEC
afirmou que a baixa execução tem relação com a demora na aprovação do
orçamento. “Em 2014, a Lei Orçamentária foi aprovada em janeiro, o que permitiu
a execução integral do orçamento. Em 2015, no entanto, a lei foi sancionada no
final de abril”, explica.
De acordo
com o ministério, com o atraso, os pagamentos dos créditos consignados no
projeto de lei orçamentária anual ficaram restritos ao estabelecido no artigo
53 da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a qual estabelece a execução provisória
do projeto de lei orçamentária até a sanção da lei orçamentária.
Para a
Pasta, não é possível fazer uma comparação direta entre esse valor e o pago em
2015 e 2014. “Os pagamentos efetuados em investimentos no âmbito do MEC no
primeiro trimestre de 2015 referem-se à Medida Provisória 667/2015, que foi
editada para atender as despesas de caráter inadiável de investimento (GND 4 e
5)”, ressaltou o órgão.
Segundo o
MEC, após o sanção da Lei Orçamentária Anual de 2015, os pagamentos das
despesas de investimento retornarão a normalidade e, ai sim, poderão ser
comparados com o ocorrido em 2014.
De fato,
o Orçamento Geral da União só foi aprovado no Congresso Nacional no dia 17 de
março, sendo sancionado pela Presidente da República três dias depois. O atraso
foi consequência da inevitável revisão dos parâmetros utilizados na elaboração
da proposta, frente à realidade da economia brasileira.
Pátria
Educadora
No
discurso de posse, Dilma ressaltou que o lema ‘Brasil, pátria educadora’ era
para dizer que a educação será “a prioridade das prioridades”. Porém, ainda que
exista uma forte demanda por mais financiamento da União para Estados e
Municípios e do slogan do governo, o Ministério da Educação foi o mais atingido
pelo corte de gastos nos primeiros dias da gestão. Foram suspensos R$ 7 bilhões
do orçamento em prol do equilíbrio das contas do Executivo.
“Esse
valor corresponde a 70% do valor que a União contribui no Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb)”, revela Luiz Araújo, professor da Universidade de Brasília,
apontando que se aplicado ao Fundo, por exemplo, poderia contribuir para
complementar o investimento dos municípios e estados em educação.
O
professor Luiz Araújo argumenta que é necessário inverter a lógica atual,
mudando o lugar onde a educação se situa. “Temos que questionar que educação
precisamos para que o Brasil alcance um outro patamar de desenvolvimento e a
partir da resposta, vermos quanto custa e como cada ente federado pode
contribuir”, explica o pesquisador. “Hoje se vê quanto temos de orçamento para
ver o que poderia ser feito.”
Além
disso, o professor aponta que é necessário a definição de um padrão de
qualidade. “Isso seria estabelecer um patamar aceitável de ensino e
contribuiria para mudar a lógica de financiamento, determinando a educação que
queremos.”
0 comments:
Postar um comentário