Ricardo Noblat O Globo
A ODEBRECHT É também o maior cliente de Lula desde que ele deixou a presidência da República e se tornou lobista e palestrante de quem lhe pague, por vez, R$ 300 mil para falar bem de si mesmo e dos seus governos. Do governo de Dilma, não, porque ele está no “volume morto”. Lula continua um cara de pau. Disse outro dia: "Se tem um brasileiro indignado sou eu. Indignado com a corrupção." Ainda na presidência, Lula não se constrangia em pedir favores às construtoras, hoje enroladas com a roubalheira na Petrobras. Desde favores pequenos do tipo o empréstimo de um helicóptero para transportar parte da comitiva dele, a favores milionários que o beneficiariam diretamente.
FOI ASSIM QUE se tornou devedor de Léo Pinheiro, presidente da OAS, preso em novembro último. Pinheiro não cobrou um tostão para terminar a construção de um apartamento tríplex de Lula no Guarujá (SP). Nem mesmo para reformar inteiramente o cinematográfico sítio que Lula e a família frequentam em Atibaia (SP). Amigos de Lula o defendem com a desculpa de que ele procede como ex-presidentes dos Estados Unidos que ganham a vida na condição de lobistas e palestrantes.
É FATO. Com algumas diferenças. A menor: ex-presidentes americanos não escondem o lobby que fazem. Lula, sim. A maior diferença: ex-presidentes americanos não podem ser candidato a mais nada. Lula pode. Que tal devolvermos ao poder um ex-lobista de empreiteiras que enriqueceu a serviço delas? Já pensaram? Não seria algo promíscuo? Ou deveras arriscado?
PERGUNTEM A Collor o que ele acharia. Não perguntem. Seria perda de tempo. De adversário visceral de Lula, a quem derrotou na eleição de 1989, Collor passou a seu aliado ganhando em troca duas diretorias da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras. Deu-se bem. Muito bem. Somente em dois contratos ali, embolsou R$ 23 milhões. Mais do que o valor de toda a sua fortuna declarada à Justiça.
DO ALTO DA mais cara frota particular de carros importados de que se tem notícia no país, Collor miou em discurso no Senado: “Fui humilhado. O Poder Legislativo foi humilhado”. Queixava-se depois que seus endereços em Brasília haviam sido revistados por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). O falso caçador de marajás acabou caçado como o mais descarado e ambicioso deles.
PARA COMPETIR com Collor e Lula em matéria de desfaçatez, somente Eduardo Cunha. Acusado de ter recebido 5 milhões de dólares de propina, Cunha rompeu com o governo que nada teve a ver com isso E bateu no Procurador Geral da República por lhe faltar coragem para bater no STF, que o investiga. Ameaça usar o cargo de presidente da Câmara para azucrinar Dilma. Disfarça o próprio medo blefando.
É OUTRO, como Collor, cujo destino é rolar ladeira abaixo. Cunha é um político provinciano, que só chegou onde está porque desmoronou a qualidade de nossos parlamentares. Serve os interessados em derrubar o governo ao mesmo tempo em que tenta tirar vantagens do governo. Em breve, ao virar réu em processo no STF, não servirá para mais nada. Corre o risco de acabar como ficha-suja.
extraídadositeaverdadesufocada
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