ERICH DECAT E RAFAEL MORAES MOURA - O ESTADO DE S. PAULO
Líderes do partido dizem não a grupo do PT que lançou ideia de reunir tucano e Lula em busca de uma trégua para Dilma
Representantes
da direção nacional do PSDB e lideranças do partido no Congresso
rechaçaram a possibilidade de uma aproximação entre a oposição e o PT
neste momento de aprofundamento das crises econômica e política. Na
avaliação de diferentes setores do PSDB, não há razão para os tucanos
iniciarem um dialogo com os petistas em busca de uma trégua para a
gestão Dilma Rousseff.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo,
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria interessado em se
reunir com seu antecessor no Palácio do Planalto, Fernando Henrique
Cardoso, principal líder tucano.
Entre os temas do encontro estaria a discussão envolvendo um possível
processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. “Esse tipo
de iniciativa é consequência do momento que eles estão vivendo, de fase
terminal. É absoluto desespero. Na questão política, não temos nenhuma
razão para esticarmos a mão”, ressaltou o vice-presidente do PSDB,
Alberto Goldman. O presidente estadual do PSDB em Minas Gerais, deputado
Marcus Pestana, um dos principais aliados do presidente nacional da
legenda, senador Aécio Neves (MG), considerou as investidas dos
adversários como um “teatro”.
“Neste momento, falar em diálogo, algo que nunca houve? É um teatro, um
factoide para tentar sair das cordas”, disse Pestana. “Esse tipo de
iniciativa é uma mistura de desespero e cinismo. Lula se acha esperto e
está tentando socializar a crise, mas ela é totalmente deles. Nos
‘inclua’ fora dessa”, acrescentou o mineiro.
Para o dirigente, a reação de FHC de ter informado que o ex-presidente
Lula não precisaria de interlocutores para marcar um encontro foi apenas
um “gesto educado”. “Ele é um estadista, mas, na verdade, o sentimento é
de que quem pariu Mateus, que o embale”, disse.
As reações dos tucanos também foram expressas num artigo publicado ontem
pelo Instituto Teotônio Vilela, órgão de estudos e formação política do
PSDB. “Foram anos em que o PT reiteradamente provocou o embate,
estimulou a divisão, recusou a opinião crítica (qualquer uma), atacou
instituições e transformou adversários em inimigos. Agora, quando o calo
aperta de vez, a postura muda num passe de mágica. Será?”, questiona
trecho do texto.
‘Diálogo’. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva,
o advogado Sigmaringa Seixas, os ex-ministros Nelson Jobim e Antonio
Palocci e o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), são os
“patronos” da tentativa de aproximação no PT.
“Sou plenamente favorável. Acho que isso deveria acontecer mais no
Brasil: ex-presidentes conversando. Nos Estados Unidos, é a coisa mais
normal do mundo ex-presidentes se reunirem, inclusive a convite do
presidente em exercício. Sempre que você estabelece diálogo entre
lideranças nacionais, é bom para o País”, disse Edinho. “O momento é de
trazer para a mesa de diálogo pessoas com experiência e equilíbrio”,
afirmou Delcídio.
As primeiras conversas para pôr de pé o “pacto pela governabilidade”
ocorreram no início de março, pouco antes dos protestos contra Dilma,
que vê com simpatia a tentativa de aproximação com Fernando Henrique,
até mesmo pelo simbolismo do ato. À época, o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, apelidado no PT de “pelicano” (o mais petista dos
tucanos), conversou com o ex-presidente.
Diante do assédio de outros governistas, porém, Fernando Henrique
divulgou nota. “O momento não é para a busca de aproximações com o
governo, mas sim com o povo. (...) Qualquer conversa não pública com o
governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser
salvo”, escreveu ele.
EXTRAIDADEROTA2014BLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário