por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
As anotações de Marcelo Odebrecht mostram que o presidente da maior
empreiteira do país andava preocupado com o "risco swiss". Segundo os
investigadores, era assim que ele se referia à possibilidade de a Lava
Jato identificar contas da empresa na Suíça.
O pequeno país europeu é conhecido pela qualidade do chocolate, pela
precisão dos relógios e pela confidencialidade dos bancos. Por causa do
último item, também ganhou a imagem de paraíso para corruptos e
corruptores de todo o mundo.
A Suíça endureceu suas leis para acabar com a má fama, mas os
personagens do petrolão parecem não ter se dado conta (com trocadilho). É
o que indica o novo capítulo da Lava Jato, iniciado nesta sexta-feira.
Só na denúncia contra a cúpula da Odebrecht, que tem 205 páginas, a
palavra "Suíça" aparece 114 vezes. De acordo com os procuradores, a
paisagem alpina foi o cenário de um sofisticado esquema de lavagem de
dinheiro desviado da Petrobras.
O Ministério Público Federal afirma que os petrodólares eram ocultados
pela empreiteira em cinco contas no PKB Privatbank, com sede em Lugano.
Antes de chegar lá, passavam por offshores registradas no Uruguai, nas
Ilhas Virgens e em Belize.
Parte da conexão suíça já havia caído no início do ano, quando a Lava
Jato repatriou R$ 268 milhões do delator Pedro Barusco. A denúncia
contra a Odebrecht abre outra avenida para a comprovação de crimes e a
recuperação de dinheiro público.
Os investigadores prometem não parar por aí. O próximo passo é
identificar contas secretas de deputados, senadores e governadores que
participaram da farra do petrolão.
"Severino descarta renúncia e adota tom dúbio sobre licença". Folha, 10.set.2005, pág. A4. "Cunha descarta renúncia, mesmo se for denunciado".Folha, 25.jul.2015, pág. A8. A história se repete como farsa, já dizia o velho filósofo alemão
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