Carlos Chagas
Calígula indagou de Vitélio se tinha visto a deusa Lua descer do céu para beijá-lo. A vida do cortesão ficou por um fio, pois se respondesse “sim” o Imperador mandaria degolá-lo, por ter visto uma entidade proibida a seus súditos. Mas se dissesse “não”, também perderia a cabeça, por sugerir que Calígula estava mentindo. Alguma coisa parecida com a situação do indivíduo que, se ficar, o bicho come, mas se correr, o bicho pega.
Na angústia de ser sacrificado, Vitélio encontrou a saída: “Só os deuses podem ver-se uns aos outros”. Escapou e ainda foi agraciado com títulos e tesouros.
O episódio se conta, com todo o respeito, a propósito de uma pergunta da presidente Dilma aos companheiros do PT, se acham que seu governo sairá do precipício em que se encontra, chegando ao fim do mandato, ou será defenestrado pelo Congresso. Quem responder que a crise é passageira e logo estará superada incorrerá nas iras de Madame, como bajulador e interesseiro. Mas quem retrucar que o desfecho é inexorável passará por traidor e indigno de confiança.
Assim estamos no limiar de agosto. Provavelmente nem ela saberá da resposta. Porque se o Tribunal Superior Eleitoral concluir pela presença de dinheiro podre na campanha de outubro passado, e se o Tribunal de Contas da União entender rejeitar as contas do governo em 2014, além de a Justiça comprovar que a presidente tinha conhecimento do petrolão, só por milagre ela permanecerá no palácio do Planalto.
Por isso há ebulição na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, mesmo com o Congresso em recesso. Sucedem-se reuniões de ministros e assessores palacianos, junto com dirigentes do PT e afins, sem faltar o próprio Lula. Marqueteiros são convocados, a imprensa amiga e amestrada é chamada a colaborar. Salvar o governo tornou-se mais importante do que governar. Pressões se fazem sobre o TSE e o TCU, sob a sombra de doze pedidos de impeachment que já chegaram ao gabinete do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em má hora tornando-se desafeto do palácio do Planalto. De concreto, mesmo, está o fato de que a deusa Lua continua lá em cima…
POBRE COMUNICAÇÃO
Sempre que as coisas andam mal para o governo, qualquer que seja esse governo, surgem os energúmenos de sempre, de dentro e de fora, concluindo estar sendo perdida a batalha da comunicação. Tanto faz o rótulo que ostentem, são crucificados os ministros da Comunicação Social, os secretários de imprensa, os assessores de mídia e outros. É como se na guerra sem soldados condenem-se os generais.
Ainda esta semana insurgiu-se o PT contra o ministro Edinho Silva, que por coincidência não tem nada a ver com comunicação social. Caiu de paraquedas por ter sido tesoureiro da campanha presidencial passada. Ignora os lances mais pueris da arte de divulgar, mesmo não tendo nada a informar. Querem a cabeça dele para salvar o próprio pescoço.
EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET
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