Maria Dalva de Sousa Lima
A Conferência Mundial dos Direitos Humanos afirma que “a pobreza extrema e a exclusão social constituem uma violação da dignidade humana”. Acontece que tentaram extinguir a pobreza e a miséria e promover inclusão social no Brasil de forma equivocada e muitas vezes, criminosa. Pois, transformaram a dignidade humana em mero objeto ou instrumento de cooptação, quero dizer, captação de votos. Ao oferecer bolsas, casas, empregos, gratificações, atendimento médico-hospitalar, FIES, PRONATEC, dentaduras, milheiros de tijolos, dinheiro vivo no dia da eleição, etc. (lista incontável e diversificada) em troca de votos e fidelidade partidária, foi, literalmente, rompido o princípio da dignidade humana.
O Sistema Político atual, com a concorrência entre diversos partidos fomentou essa prática lesiva. A população brasileira, utilizando o seu instinto de sobrevivência e sem lhe restar alternativa, aceitou durante muito tempo essa forma de fazer política. E muitos ainda a aceitam porque temem pela sua própria vida e a de sua família.
Sem querer jamais retirar as responsabilidades de cada cidadão brasileiro, que se deixou cooptar e alimentou esse sistema, pode-se afirmar que os políticos os fizeram reféns deles.Refém aqui no sentido de que alguém é entregue para servir como garantia de um trato. Mesmo porque nesse jogo vence o mais forte e o mais forte aqui é o que tem poder e dinheiro.
Embora, fazendo as pessoas de reféns, aquele político é visto como “salvador da pátria” por muitos, devido o caráter populista e demagógico da campanha política.
É muito triste constatar que ainda existem candidatos que tem cabos eleitorais e, em época de campanha, exigem dos mesmos listas de eleitores visitados, com seus dados pessoais e número de títulos de eleitor para depois da eleição conferir se realmente aquela pessoa votou neles. (Sem falar nos grandes líderes e candidatos que se vendem arrastando milhares de votos em troca de benesses e dinheiro). Esses cabos eleitorais se submetem a isso devido saber que após as eleições jamais conseguirão algum benefício, mesmo que ele seja um direito adquirido ou um direito fundamental/universal. Exemplo: um parente seu que vem do interior do Estado (ou mesmo da Capital) com câncer necessitando de um tratamento urgente, uma cirurgia e se não houver um político para intermediar junto ao SUS, o parente morrerá por falta de atendimento. Ou quem sabe, pode ser um servidor público efetivo que tem medo de perder uma gratificação porque fez empréstimo e vai ficar sem salário e em situação difícil, mesmo sabendo que aquela gratificação deveria ser concedida a ele por mérito, tempo de trabalho e não por favor político.
Esse tipo de política partidária provoca, principalmente nas cidadezinhas do interior, zona rural, retaliações de pessoas, famílias são divididas e uns são tidos como traidores, etc. Ainda prevalece o voto de cabresto em sua nova modalidade, transfigurado de democracia, sendo esta uma máscara. Com certeza, o instinto de sobrevivência fala mais alto, até porque uma andorinha só não faz verão.
Mas, quando os indivíduos (isolados) veem que a sua dor é a mesma da maioria dos cidadãos brasileiros e começam a compartilhar a sua desventura uns com os outros, e então unidos (coletivo), sentem-se fortalecidos para mudar esse sistema e quebrar esses currais eleitorais e a travestida, nova e sofisticada forma de fazer política imoral (o modo esquerdista de governar). De repente, emerge de si mesmo a esperança de poder sair desse cativeiro, dessa escravidão e dessa humilhação. Bastaria que as autoridades desse País cumprissem suas obrigações, como os indivíduos são obrigados a cumprir, sob pena de serem prejudicados, processados, presos. Exemplo: se não pagarem os impostos. Então, ninguém necessitaria mendigar o pão dos seus ditos representantes. O brasileiro deve sim, ser sujeito do seu projeto de vida e do processo de transformação da sociedade brasileira e não ser tido como apenas uma mercadoria, moeda de troca. A participação dos cidadãos brasileiros no processo político partidário deve ser livre e espontânea. As pessoas/famílias jamais devem ser submetidas a uma participação falsa e constrangedora.
A população brasileira percebeu que os planos de governo não garantiram os direitos sociais mínimos (saúde, educação, emprego/renda, segurança, lazer, etc.) em proporções no mínimo aceitáveis, pois não houve investimento suficiente e o dinheiro público esvaiu-se pelo ralo da corrupção, atravessando as fronteiras do nosso País. E ainda, procuraram alterar ou modificar os valores sociais, culturais e éticos prevalentes na Nação, utilizando as políticas públicas para isso. Exemplo: utiliza o Sistema Educacional para impor uma ideologia. Tudo isso, causou inquietação e indignação ao brasileiro. Esta é uma forma ainda mais cruel e sorrateira de impor valores, sistemas políticos, sociais e culturais. Porém, o que deixa as pessoas mais indignadas é que quando elas expressam essas verdades, são acusadas de promover o ódio. Dizem: é o ódio da Direita Reacionária.
Ódio não! Alto lá! É a indignação que sai lá do fundo do coração de quem jamais pode dizer o que sente e espera dos governantes. Existe uma grande diferença. A indignação, ao contrário do ódio, é positiva e impulsiona a lutar para mudar esse estado de coisas. A questão é que existem líderes que distorcem fatos, verdades e sentimentos e todos que se opõem a eles são tidos como pessoas tóxicas e vampiros que sugam suas energias.
Ora, ora! Eles mesmos, os políticos, é que criaram essa geração de inconformados e inquietos. Estão colhendo tão somente o que plantaram. É a Lei de Causa e Efeito. Lei da Natureza. A população está apenas cobrando os direitos, os sonhos, a energia e as riquezas que os vampiros roubaram de si. Ai do Brasil, se não fosse esses filhos inquietos e inconformados com as injustiças. Isso é virtude. O chamado para o respeito a regras fundamentais capazes de promover a dignidade humana em sua Pátria, será o maior e melhor legado que os brasileiros deixará a seus filhos e netos. O medo, que os quer paralisar, pode ser a mesma ferramenta que usarão para transportar a montanha da indiferença e da impotência a que foi submetida à sociedade brasileira, nesses últimos 12 anos.
Avante, guerreiros do hoje, amanhã e sempre! Esta é uma luta nobre. Muito nobre!
Maria Dalva De Sousa Lima é assistente social em Teresina, no Piauí
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