Carlos Chagas
O episódio se conta às vésperas da chegada de agosto, para nós um mês azarado e pleno de surpresas. Getúlio Vargas suicidou-se, Jânio Quadros renunciou, Costa e Silva adoeceu. Dilma pretende recuperar-se, mas pode ser surpreendida por outra tragédia. No Congresso, cresce a tendência da rejeição de suas contas do ano passado, em especial se for essa a decisão do Tribunal de Contas da União. Nossa imperatriz estaria incursa em crime de responsabilidade e sujeita ao impeachment. Michel Temer assumiria, ainda que na dependência do Tribunal Superior Eleitoral, que se considerar ter havido dinheiro podre na campanha presidencial do PT, no ano passado, atingirá também o vice-presidente.
Como estamos na primeira metade do mandato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chefiaria provisoriamente o Executivo, dispondo de noventa dias para convocar eleições diretas. Isso caso o TSE e o Supremo Tribunal Federal não se inclinassem pela singular tese de convocar Aécio Neves, como segundo colocado nas eleições de 2014.
Em suma, abre-se a perspectiva de um agosto à altura dos anteriores referidos, em matéria de confusão.
SEM PERDER OUTRA OPORTUNIDADE
Fernando Henrique não perde oportunidade de aparecer. Entrado nos oitenta anos, em vez de recolher-se para redigir suas memórias, continua dando palpite em tudo. Acaba de repetir não querer conversa com Dilma e Lula. Logo que publicada a versão deles desejarem encontrar-se com o antecessor para exame da crise atual, o sociólogo declarou ter nome e número no catálogo telefônico, não precisando de intermediários para acertar uma reunião. Quer dizer, aceitaria conversar. Como sua disposição pegou mal no ninho tucano, avançou para dizer que nada tem a ver com o governo e prefere saltar de banda. Agora, enfatiza de novo a recusa. Deveria ter presente que em política nenhum risco acompanha o silêncio.
extraídadetribunadainternet
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