editorial de O Globo
As estatais, por atuarem em mercados, fecharem operações comerciais e financeiras, oferecem amplas oportunidades de falcatruas com o dinheiro público
Quando a Polícia Federal começou a fazer operações, algumas
espetaculosas, no início da Era Lula, contra criminosos de colarinho
branco, surgiu a pergunta de por que aquela multiplicação de casos neste
ramo mais fino da criminalidade, nem por isso menos pernicioso para a
sociedade. O governo aproveitou para capitalizar o fato: seria por- que,
afinal, assumira no Planalto quem combatia a corrupção para valer. Mas
nunca foi possível testar uma hipótese mais simples — que surgiam mais
escândalos nesta área porque a criminalidade aumentara.
Não demorou muito, o próprio PT se viu apanhado no escândalo do
mensalão, em que, entre outros golpes, um sindicalista petista de
carteirinha, Henrique Pizzolato, alçado por essas credenciais à
diretoria de marketing do Banco do Brasil, desviara dinheiro da
instituição para abastecer a lavanderia financeira de Marcos Valério, da
qual saía numerário para comprar apoio parlamentar ao governo Lula.
Mais recentemente, estourou o petrolão, este de magníficas proporções:
na contabilidade da Petrobras já estão registrados R$ 6,2 bilhões
roubados para o PT, PP, PMDB, políticos específicos e bolsos de
diretores da estatal, entre outros.
Não é coincidência que os dois escândalos tenham, no epicentro, empresas
estatais. A pergunta sobre as razões da multiplicação de casos de
corrupção precisa ser substituída por outra: por que há tantos desses
crimes no Brasil? A resposta está na grande participação do Estado na
economia, sendo, como fica provado neste ciclo petista, as estatais
eficazes gazuas de arrombamento de cofres públicos.
O assalto praticado na Petrobras pelo esquema lulopetista, em associação
com PP e PMDB, e alianças com as maiores empreiteiras do país, é a
prova concreta de que há uma relação direta entre estatização e
corrupção.
Apenas na plano federal, há pouco mais de 140 empresas públicas. No
período FH houve importantes privatizações. Na Era PT, voltou-se a criar
estatais, coerente com a ideologia de petistas e aliados.
Nestes quase 13 anos de poder lulopetista em Brasília, um grupo político
voraz, ágil em aparelhar a máquina pública, incluindo estatais,
encontrou nessas empresas amplas oportunidades de financiar, com caixa
dois, seu projeto político e eleitoral, sem deixar de sustentar alto
padrão de vida de capos e ainda permitir enriquecimentos alhures.
O raciocínio e a conclusão são simples: sem esta grande participação do
Estado em setores que movimentam muito dinheiro, não haveria como o PT e
aliados se financiar com propinas. Só existe caixa dois quando há caixa
um.
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