Por FÁBIO GÓIS - Via Congresso em Foco -
“Nós, brasileiros, sempre guardamos, no fundo de nossas almas, ao menos o resquício de uma crença no futuro”.
Terceira colocada na corrida presidencial de 2014, a ex-senadora e
ex-ministra de Meio Ambiente Marina Silva publicou nesta quinta-feira
(8) um texto em seu site com novas críticas à gestão da presidenta Dilma Rousseff. Intitulado “Quem educa quem”,
o material diz que “indícios” de que o segundo mandato da petista
estaria “ainda mais divorciados das necessidades reais do Brasil” agora
se confirmam com as primeiras movimentações do governo.
Segundo Marina, que declarou apoio no senador Aécio Neves (PSDB-MG) em segundo turno, tudo o que aconteceu desde a cerimônia de posse,
em 1º de janeiro, sinaliza que a recondução de Dilma à Presidência da
República é “um grande equívoco”. Para Marina, “ficou longe a marca da
estadista”.
“O discurso de posse, a escolha de alguns ministros, as primeiras
medidas tomadas ou anunciadas, tudo transmite contradição, ausência de
sentido e a noção de um grande equívoco. Quem esperava o programa de
governo, que não foi apresentado na campanha, ou diretrizes claras para a
solução dos problemas mais evidentes, ou pelo menos explicações sobre
as anunciadas novas ideias do governo novo, frustrou-se com uma retórica
vazia, destinada a isentar-se das responsabilidades e lançar uma
cortina de fumaça sobre o passado e a origem dos problemas atuais do
país”, escreveu a idealizadora da Rede Sustentabilidade, que continua na
fase de coleta de assinaturas para ser formalizada como partido junto
ao Tribunal Superior Eleitoral.
Marina diz ainda que a educação é a “primeira vítima da retórica”
presidencial – referência ao lema lançado por Dilma durante as
solenidades de 1º de janeiro, o “Brasil, Pátria Educadora”. “[...] o
problema é a qualidade, a resposta da presidente é mais quantidade e a
repetição de programas que “deram certo”, embora não se tenha avaliação
profunda e continuada, apenas o ufanismo de números formatados pela
propaganda”, disse a atual integrante do PSB, sigla pela qual disputou a
Presidência da República. O texto é encerrado, aliás, com outro lema,
este levado a público durante a campanha de 2014 pelo então
presidenciável do PSB, o ex-governador de Pernambucano Eduardo Campos,
morto em 13 de agosto em Santos (SP): “Não vamos desistir do Brasil”.
Marina também faz referência às medidas protocolares de Dilma, por
meio da Casa Civil, no combate à corrupção, com projetos que “dormirão
[...] na gaveta da regulamentação”; critica a postura do governo em
relação à questão climática; sugere o desdém governamental quanto à
reforma agrária e a demandas de indígenas e quilombolas; e condena a
política de alianças do governo de coalizão em detrimento do interessa
comum.
“Nós, brasileiros, sempre guardamos, no fundo de nossas almas, ao
menos o resquício de uma crença no futuro. O segundo mandato da
presidente Dilma se inicia gastando o terceiro ‘volume morto’ de nossa
reserva de esperança”, resigna-se Marina.
A publicação do texto antecede a estratégia de Marina em sair pelo
país de maneira a evitar a desmobilização de sua militância. A partir de
abril, ela sairá em caravana por redutos eleitorais para assegurar a
composição de diretórios estaduais da Rede. A agremiação espera
finalizar a coleta de assinaturas para se viabilizar como partido ainda
neste ano.
fonte tribunadaimprensaonline
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