ROBERTO MONTEIRO PINHO -
(...) Por
conta dessa faceta do judiciário, a Ordem dos Advogados do Brasil, apostando
que o sistema eletrônico, iria solucionar o encalhe de milhões de ações na
justiça, comprometida com a classe, investiu uma fortuna para dotar os
advogados de conhecimentos para manejo da nova ferramenta.
O segundo governo da presidente Dilma Rousseff anunciou
um pacote de medidas duras, com mudanças nas regras de pagamento de cinco
benefícios trabalhistas e previdenciários – abono salarial, seguro-desemprego,
seguro-defeso (área da pesca), pensão por morte e auxílio-doença. É bom lembrar
que outro ingrediente em marcha, tramita na Câmara o PL 1.463/11 de criação do
Código de Trabalho, que visa entre inúmeras alterações, flexibilizar as regras
trabalhistas para micros e pequenas empresas. Nada disso era imprevisível, inicialmente
por que Dilma nada tem a ver com o trabalhismo em sua essência. Por outro lado
o Congresso não discute mais os temas trabalhistas, e digere tudo, inclusive,
as notas técnicas da Anamatra, (entidade classista dos juízes do trabalho), que
exorcizam tudo e todos os projetos de lei que tramitam na casa legislativa.
Acrescente aqui, o alerta das Centrais sindicais de que neste ano teremos 400
mil demissões só no setor automotivo. O novo desafio será discutir
flexibilização de direitos num clima desfavorável ao trabalho, a mercê do
capital.
Por quase duas
décadas venho publicando aqui, uma série de injunções e o risco de alterações
na legislação trabalhista brasileira, visando púnica e exclusivamente atender a
volúpia lucrativa dos investidores estrangeiros. O comando das ações do grupo,
é do Banco Mundial que vem atuando insistentemente, e com maior ênfase a partir
de 1994, quando havia uma articulação via Congresso para a extinção da Justiça
do trabalho. A obra neoliberal, já tinha no “bolso”, desde 1987 o projeto de
Reforma do Judiciário, plantado em 1994. O indício dessa articulação
capitalista está no Documento Técnico n. 319, do Banco Mundial: “O Setor
Judiciário na América Latina e no Caribe - Elementos para Reforma”, elaborado
por Maria Dakolias, denominada, “especialista no Setor Judiciário da Divisão do
Setor Privado e Público de Modernização” (tradução de Sandro Eduardo Sardá,
publicado em junho de 1996). Se não pouco, o BIRD também faz pressão junto às
autoridades brasileiras, visando à flexibilização de direitos trabalhistas.
Em junho de 2013 a Organização Internacional do Trabalho advertiu em seu
“Relatório Mundial sobre o Trabalho 2013” que o desemprego de longo prazo se
está convertendo num problema alarmante, sobretudo na Europa. O documento
mostra que taxa de desemprego entre jovens de economias desenvolvidas chegará
15,6% em 2017. Registro que (a OIT estima que há uns 200 milhões de
desempregados no mundo, uma cifra que aumentará em oito milhões dentro de dois
anos). Afinal o que vamos discutir aqui, o futuro, o presente ou vamos pagar para
ver? Ou então perguntar ao Banco Mundial, o que vocês têm de bom para o
trabalhador?
O Banco Mundial
tenta se esconder na neblina de suas reais intenções, embora com a ressalva (contraditória)
de SriRam Aiyer, Diretor do Departamento Técnico para América Latina e Região
do Caribe, com a advertência de que “As interpretações e conclusões expressadas
neste documento são de inteira responsabilidade dos autores e não devem de
nenhuma forma ser atribuídas ao Banco Mundial, as suas organizações afiliadas
ou aos membros de seu quadro de Diretores Executivos ou aos países que eles
representam. Todavia sua publicação representa uma forma de influenciar as
políticas internas dos diversos países, sobretudo aqueles considerados em
desenvolvimento”, sinalizaram: “Esperamos que o presente trabalho auxilie
governos, pesquisadores, meio jurídico o staff do Banco Mundial no
desenvolvimento de futuros programas de reforma do judiciário”.
Sobre o tema,
mais informações, (pode ser encontrado para leitura nas Bibliotecas do IAB e da
ABI), na obra de minha autoria “Justiça Trabalhista do Brasil”, (454 pgs. Edit.
Topbooks). Seu conteúdo reflete tudo que já relatei aqui e mais ainda, denuncio
um tsunami de situações, iniciando pelos tribunais nanicos, subsidiados a preço
exorbitante para sua manutenção, e o travamento dessa justiça, por conta do
famigerado Processo Judicial Eletrônico (PJE-JT), que se tornou o grande vilão
dos que militam e buscam seus direitos na especializada. Por conta dessa última
faceta, a Ordem dos Advogados do Brasil, acreditando que o sistema, iria
solucionar o encalhe de milhões de ações na justiça, comprometida com a classe,
fez sua parte (com louvor), investiu uma fortuna para dotar os advogados de
conhecimentos para o manejo da nova ferramenta.
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